Um homem passa pela feira com ar sério e nobre. Com um manto azul claro e dourado, deixando aparecerem os músculos e uma tatuagem de árvore frondosa no braço esquerdo. Seu cabelo curto e branco com mechas cinzentas é rodeado por uma faixa, que não cobre a tatuagem vermelha em seu rosto, no formato de um losango extenso de pouco acima da sobrancelha esquerda até próximo à boca. Também não esconde o brinco no formato de uma pequena argola na orelha direita.
Caminha com ar pouco amistoso, olhando as barracas em busca de algo.
Encontra.
- Em que posso ajudá-lo?
- Você tem anéis?
- Claro! Como pode ver...
- Não. - o homem fala de modo rude - Quero anéis de verdade, não bijoterias!
- Perdão, senhor. Esses anéis não são...
- Quem pensa que engana?! - o homem bate na barraca e todos os anéis pulam. Em tom raivoso e grave, chama a atenção de quem passa por perto. - Não tente vender bijoterias a Nazavo! Ou vai...
Antes que o cliente ficasse nervoso e trocasse a ameaça com o punho fechado por uma ação concreta, o vendedor resolve abrir o jogo.
- Está bem, desculpe, senhor Nazavo. Realmente são bijoterias. Mas tem algumas réplicas como essa que... - não consegue continuar ao ver os dentes do cliente, quase rugindo - Bom, não posso vender jóias verdadeiras numa barraca. A guarda daqui não é tão boa. Mas o senhor, se quer realmente algo de boa qualidade, deveria dar uma olhada na Loja do Cristal Celeste.
- E onde fica?
- Fica ao lado da prefeitura.
- Tá me achando com cara de gente daqui!? - Ele grita, bravo. - Nazavo não sabe de droga de prefeitura nenhuma! Tá só de passagem, droga! Onde fica essa loja?
Com raiva e tom grave, chama atenção ainda mais de quem passa por perto.
- Calma, senhor, basta ir naquela direção e virar à direita na quinta rua. É fácil encontrar.
- Pois bem! - o cliente saca uma moeda de prata e joga no meio dos anéis - Obrigado. Isso é para que seja mais claro com os outros fregueses do que foi com Nazavo!
Vai embora, entre o povo, que o olha com um pouco de espanto pela cena. Vai e nem olha para trás.
Nazavo não existe. Quem tem talento artístico para encenações aprende a andar de outro jeito, mudar a voz e as feições. Isso, junto a um trato visual, culmina num disfarce quase perfeito.
Zand sabe onde fica a Loja do Cristal Celeste. Sabe onde fica a prefeitura. Mas não tinha como perder a oportunidade de testar o disfarce e começar a desenhar a personalidade de Nazavo, e divulgar seu nome também. Ademais, tudo faz parte do seu plano...
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