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Jasmim #07 - Caça aos Anéis - Parte I

Jasmim em japonês

Anna caminha pela calçada no início do dia. Ao longe, avista o antiquário já aberto. Confere o relógio. Tinha certeza de que não estava atrasada de novo e os ponteiros confirmam que ainda não são oito horas.

- São os sonhos de novo, né? - Pergunta, ao entrar e ver Jasmim no balcão, vigiando a entrada.

- É.

- Você vai se acabar assim! Tem que dormir! Já tentou algum remédio?

- Não, obrigada.

Só então Anna percebe a caixa comprida, onde Jasmim leva a Morningstar, sobre o balcão. Jasmim se levanta.

- Vai sair, Jasmim?

- Vou.

- Por quê?! Não gosto de ficar sozinha aqui!

- As janelas estão projegidas agora.

- Eu sei, mas tem a frente! Sei lá, com você aqui eu me sinto mais segura... Gosto tanto quando você está aqui comigo... Vai não!

Jasmim pára com olhar distante, enquanto a Anna vai ficando vermelha.

- Ei, está pensando em quê? Sou sapata não, viu? - Anna fala com um sorriso envergonhado.

- Está querendo dizer que eu seja?

- Não, é que... - Anna fala, já sem graça, coçando a cabeça. - Ah, deixa pra lá... Vai onde?

- Vou pôr os sonhos à prova.

- Legal.

Jasmim se dirige à porta de entrada carregando a caixa.

- Ei, Jasmim! Vai levar mesmo isso? - Aponta para a caixa em seus braços.

- Vou.

- Não vai ser mais difícil trazer a outra arma, quer dizer, se o sonho for como o de antes?

- Desta vez não é arma, são anéis.


- Bom dia, em que posso ajudá-la? - Um senhor de idade recebe Jasmim em seu antiquário, tão grande quanto o dela, com algumas estantes interessantes no canto, que logo chamam a atenção de Jasmim, mas não foi isso que veio procurar.

- O senhor tem anéis?

- Hmmm... Não, infelizmente não tenho.

- Que pena. Obrigada.

- Não há de quê. Era só isso? - Jasmim responde afirmativamente com a cabeça. - A caixa não é para me vender algo, então?

- Não, obrigada. - Jasmim se vira para ir embora.

- Perdão... - o homem fala, fazendo Jasmim se virar de volta. - Você não é filha dos Arsoyevna?

- Sim.

- Sou Ígor. Era amigo dos seus pais... Olha, se precisar de qualquer coisa, é só pedir, tá? A gente pode negociar uma estante quando você quiser.

- Obrigada. - Jasmim faz um cumprimento rápido e sério antes de deixar definitivamente a loja.

Amigo de seus pais... Oferecendo ajuda... Jasmim não deixa de pensar no que o sr. Ígor realmente está querendo. Afinal, "amigo de seus pais" que se importasse mesmo não esperaria para oferecer ajuda à órfã só seis anos depois... Teria oferecido só por educação? Não que Jasmim precise dessa ajuda. Não que Jasmim aceitasse tal ajuda, ainda que precisasse. Afinal, estantes antigas, valiosas e bonitas ela também tem e aquelas do sr. ïgor perderam a graça.


Lustres, relógios, vitrines com objetos dos mais variados. A loja é estreita, mas praticamente não tem sofás ou estantes.

Um casal de vendedores comenta lá no canto a entrada daquela jovem de jaqueta e calças jeans e cabelos loiros. De olhos azuis, a carregar uma caixa comprida de madeira.

Jasmim ouve palavras soltas entre o que os dois cochicham. Palavras como "Arsoyevna", "chata" e "o que ela quer".

Continua entrando na loja e a mulher que conversava, uma ruiva de jeito sonso, a recebe.

- Pois não?

- Vocês têm anéis?

- Temos sim, acompanhe-me.

Elas caminham até um jogo de sofás. Sim, de fato a loja tinha sofás... Mas são sofás para atendimento.

- Aguarde aqui um instante.

Jasmim se senta com a caixa sobre as pernas e observa a loja de onde está. Intuitivamente cada produto que recebe seu olhar forma um preço em sua mente. Depois de anos e de dedicação e esse ramo, avaliar objetos antigos se tornou uma ação quase automática. É claro que os valores que deduz são base, geralmente aumentam ou diminuem conforme o estado de conservação, que só uma análise mais atenta e próxima mostra, e a história do objeto.

Enfim lhe vem uma mulher com vestido turquesa, de cabelos ruivos longos e ar desconfiado. Parecida com a anterior, porém mais velha. Provavelmente sua mãe e dona do estabelecimento.

- A senhorita gostaria de ver anéis?

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