Jasmim #41 - Encontro
A entrada com certeza foi utilizada recentemente. Jasmim entra caminhando, já com a visão ativada, enxergando tudo em tons de azul.
Um jogo de escadas leva a um corredor um andar abaixo. Poeira e mais poeira e algumas salas no decorrer do caminho. Sob toda a poeira ainda há um brilho de raridade por aí afora. Sejam nos objetos, nos móveis rústicos. Como este templo permanece intacto ou quase isso sem ter sido saqueado? Jasmim pensa em duas possibilidades: está numa ilha abandonada ou o templo estava oculto no chão até que a magia voltasse à Terra.
Se ela estivesse aqui em função do dinheiro, passaria um bom templo nessas salas revirando tantos objetos valiosos. Mas não é seu objetivo, nem mesmo ela tem onde levar nada além do que já traz.
Então caminha pelo corredor até a sala do centro, onde há uma escada espiral para baixo. Tudo está escuro dentro deste templo, mas não aos olhos de Jasmim, que vêem tudo em tons de azul.
Desde que chegou, algo lhe diz que nem tudo vai bem. Algo está errado. A imagem daquelas estátuas preenchendo a sala não a anima mais sobre esse pressentimento.
Luz. Como suspeitava, há mais alguém aqui. Uma fonte de luz mais à frente. Jasmim segura firme a morningstar enquanto seus pés deixam o chão. Segue voando lentamente, apenas para não fazer barulho, em direção a essa tal fonte de luz.
Estrondos repentinos por todo canto. Era o que Jasmim temia... Não com um temor covarde, mas pelo contratempo que isso poderia trazer. Olha ao redor e confirma que as estátuas estão se mexendo. A fonte de luz não está mais onde estava.
Rapidamente ela ataca a estátua mais próxima. Dois golpes certeiros que tiram uns pedaços de pedra e arremessam a criatura artificial de costas no chão. Olha o caminho até a saída e vê que não vai ter futuro enfrentar todos eles. Provavelmente já levaram as botas e se ela não sair rápido, vão conseguir fugir com elas.
Como um relâmpago, ela dispara em direção à saída, desviando de duas estátuas, mas esbarra na terceira. E lá está ela cercada.
Dois golpes certeiros e Jasmim derruba a estátua que está em seu caminho. As três outras a atacam. Apenas uma acerta e Jasmim cai.
Prontamente de pé, Jasmim dispara mais uma vez em direção à escada. Há duas estátuas nesta direção e ela vai em investida.
Apenas um golpe atinge a estátua, mas bastou. Ela está lado a lado com a última estátua e algo lhe chama a atenção. São estilhaços na pedra em formatos de corte. No pescoço e no braço da tal criatura.
Deve então se tratar de seu rival. E mais uma vez ele conseguiu o prêmio antes dela. Diferente das outras vezes, porém, ela nunca esteve tão próximo de alcançá-lo.
Atenta a cada movimento e ao mesmo tempo com um único objetivo em mente, Jasmim voa por dentro do templo até alcançar a saída.
Como um raio, deixa o templo em direção ao céu e pára, esperando sua visão se acostumar à luminosidade.
Um barulho de motor e ela se lembra: este deserto não é de areias. A vista começa a se formar e ela vê alguém em uma moto, cheio de panos, se afastando do templo onde estava ainda há pouco.
Sem mais em que pensar, Jasmim voa em perseguição à moto. Suas mãos apertam a morningstar enquanto seu ombro esquerdo ainda reclama do golpe recebido da estátua.
Em sua mente, as lembranças de todas as mortes causadas pelo incendiário e a tentativa de destruir seu lar. De repente, a dúvida: será ele mesmo? Ela continua, pois sabe que no fundo não importa. Só importa que nos pés do motociclista estão as botas que ela veio buscar...
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