Parte 0 - Sinas - Copos e Minas, de Mário Dantes
A Geração de 1995 e a Revolta Contra as Máquinas
Vocês viveram um sonho comercial
Sem igual
Consumismo e coisa e tal
Vocês viram ir ao chão
Ao piso o que era paraíso
Decepção. Mais: traição!
O mundo vira de ponta-cabeça
O que era não era
Vocês não sabiam
Nem quiseram saber
Guerra! A irracional
Sem razão, só revolta
Guerra incondicional
Vocês fizeram contra o que faria mal
Vocês lutaram contra tudo
Máquinas,
Inocentes também
Vocês venceram no fim
É o que disseram pra mim
E agora aí afora
Vocês acreditam
Que são livres das máquinas
E eu pergunto: até que ponto?
Andarilho de Qatar
Vindo de um país distante
Dizem que vaga
Sem destino certo
Mundo afora sozinho
Dizem que vaga
De terras em terras
Por vários caminhos
Aprendendo da vida
Pelo próprio vento
Dizem que vaga
Vindo de um país distante
Além do mar
Aqui, um eterno viajante
Vindo de Qatar
Duas Faces
Mas que grande lugar
Ela me ama!
Beijos, abraços
Mas que princesa!
E a gente faz o que se faz na cama
Mas não tô na cama
É no bar
Partimos pra outro lugar
Agora tá certo
Não tem ninguém por perto
Acordo e estou sobre a cama
Mas quem é essa?
Do meu lado
Na mesma cama?
Que sorriso vulgar!
Cadê a Bárbara?
Deu cinco horas e ela não veio
Já faz cinco dias
Ela não aparece
Hoje uns amigos vieram me ver
Aqui no bar
Todos sabem onde me encontrar
No Bar do Chileno
Pedro, Guilherme e Francisco
Não gostam que chamem assim
Macaco, Brigueiro e Ouriço
Mas pra que servem os nomes
Se inventamos outros?
Cíntia e Aline sabem disso
- Puxa, há quanto tempo?!
Fomos jogar um pouco
Um pocker
Como aprendi com um gringo
- Cês sabem da Bárbara?
- Disse que vinha
- Há dias espero
"A vida é foda
Morreu numa droga de overdose"
Irracionais
Não sei o que dá
Em certas pessoas
Que combinação
As torna selvagens
Irracionais
E elas reclamam da vida
Da delas e das outras
E em seu coração
Somente o ódio
E elas combatem a vida
Quase tudo que vive
Quase tudo que se ergue do chão
É seu alvo
A salvo ninguém está
Enquanto existirem
Covardes terroristas
Sem motivos (ou ao menos
Sem justificativa)
Esperando justiça
Isabella
Gira o ventilador
Ainda bem que ainda é só ele
O mundo sempre gira no final
É noite e tem luz
Posso ver o povo desse bar
Não foi sempre assim
Eu ia pra festa mesmo
Mas assim posso pensar
Do outro lado a turma da sombra
Não sei que droga é agora
Sempre tem uma nova
Só sei que eu tô fora
Não vale a pena se enganar
Olha quem passa pela janela!
Sim, é ela
Entra no bar e vem pra mesa
- Como vai, Isabella?
"Me disseram que estaria aqui"
Ela vê muito filme que eu não assisti
Gosta de mim, mas não gosta de si mesma
Sabe que faz mal
É uma mina da sombra
Mas é uma mina legal
O Mal das Ruas
Que droga de droga!
Não sei o que é pior
Esse lixo na veia
Ou tiro no gogó
Tiroteios nas ruas
E galeras nas sombras
Mortes desses dois
Aqui sempre tem
Pesadelo
A praça vazia
Que dia!
A noite está fria
E os bancos parecem tramar algo mal
Algo mal
Uma luz verde vem
De onde?
Não sei bem
Tudo está verde agora
Não há plantas
Há bancos
Eles se levantam
"Vamos nos vingar"
- O que houve?
Quando vejo os bancos
Que susto!
Têm telas, como monitor
Planos pr'Essa Noite
Vão roubar um prédio
Enquanto anoitece
Já fizeram isso
Antes e deu certo
Vão matar o tédio
Ou é o que querem
Correr pro mais fácil
E nem sempre se vive
Sinas: Copos e Minas
Acordar tarde e partir
Pra vida
A vida noturna
Álcool e mulheres até altas horas
Beijos, promessas bêbadas
Até que sai o Sol
Depois da noite
Antes de nós
Só quero saber quem pode mudar
Minha sina por copos e minas no bar
Da esquina é tudo sempre igual
Mas se é sina como sei que acho
Devo aceitar
Assino embaixo
E que venham as noites,
Os copos,
As minas.
Vênus
Com os cabelos longos
Descendo seus ombros
Alta e elegante
Parece que vem do céu
Com olhar tão forte
Descendo a cidade
Todos de todos os lugares
Querem ser seus
Ela dança nas nuvens
Nas noites de luar
Nas noites sem Lua
Ela é brilho e beleza
Mais deslumbrante estrela
Deusa brilhante
Se a Lua é rainha
Do céu, ela é princeza
Submeter um novo comentário