alexandrinos
Jaqueline
Eu conheço esses traços, teu sorriso discreto
Cabelos cacheados, castanhos, até o ombro
Vestido verde claro, eu conheço esse rosto
No futuro ou passado, já te vi, não sei como
Carregando uma história de carinho e cuidado
Sorri com seus dois anos, um riso puro e belo
Mas quando que te vi? No futuro ou passado?
Se és do ontem, me encontre; se és do amanhã, te espero
-- Cárlisson Galdino
Uma visão que tive dia 16 de setembro de 2008, de alguém que nunca vi, mas que tinha traços muito familiares. Uma menina de dois ou três anos de idade, de cabelos castanhos claros em cachinhos até os ombros. Ela usava um vestido verde claro e sorria. Havia uma sensação de vínculo forte. Pode ser só uma lembrança de algum filme ou algo do tipo, mas acho difícil, até porque minha memória visual é péssima pra qualquer coisa. Se era uma visão mesmo, não sei se diz respeito ao passado de alguém ou ao futuro (uma filha que terei?). Só sei que seu nome era Jaqueline.
Castelo Gótico
Num reino muito longe, nonde nasce o dia
Onde vivos lamentam pela própria vida
Onde o dia no inverno quase não se nota
E no verão a noite vem despercebida
Em uma casa nem tão pobre, nem tão fina
Viviam dois amantes, e uma menina
Linda como o orvalho era concebida
Seus olhos eram claros num azul tão vivo
Que todo o azul do céu ficava envergonhado
De pele tão suave, cabelos em cachos
Como os de um anjo, de belo brilho dourado
Até quando chorava, sua voz tão pura
Soava tão bonita, com tanta ternura
Que caía a seus pés, todo o povo, encantado
O pai, homem do mar, pescador conhecido
De força e de prudência, em seu barco Dalila
A mãe, de uma família nobre e bem querida
Quem a conhece só elogios destila
E como um anjo lindo que desceu ao chão
Atraía de todos amor e atenção
Era a alegria mesmo, ela, de toda a vila
E assim, naquela vila, a criança Charlote
Deu seus primeiros passos sempre vigiada
Começou a falar as primeiras palavras
Sorria e brincava sem temer a nada
Mesmo com tantos mimos, se mantinha leve
Sempre se comportava bem como se deve
Sempre era ali na vila por todos amada
Era um tempo remoto, perdido no giro
Dos relógios que bravos atropelam horas
Charlote entra num mundo tão ruim e sofrido
Melhor talvez permanecesse estando fora
Pois nesse reino longe e sem instrução
Mais que rei, reinava maldade e ambição
E tudo o que não presta neste reino mora
E assim passou o tempo e Charlote cresceu
Aos nove anos de idade sempre bem querida
Por todos como antes, agora estudando
Bela e sonhadora, de mente sabida
Fazia a quarta série na Escola da Dinda
Trazia no sorriso a inocência linda
De quem ainda tem tanto a conhecer da vida
Ironia
Quanta ironia a vida pode nos trazer?
A roda da fortuna gira e até parece
Que toda vez voltamos ao mesmo lugar...
Tudo é tão triste nesse mundo desumano
Tudo é tão frio, egoísta, tão insano
É a realidade com o açoite a nos bater
Porém enquanto os deuses nos abençoarem
Enquanto houver o Sol tão quente e acolhedor
Enquanto a Lua nos sorrir com sua magia
Enquanto ali no fundo ainda formos crianças
Não deixará nunca de existir esperança
E é esta a mensagem para nós por esses dias
A história que começa como a anterior
Não é um mal sinal, é presente dos deuses
Pra podermos fazê-la como se sonhou
Pois essa é a história que nós vamos construir
Afinal todo conto de fadas começa
No mesmo mote que nos diz: "Era uma vez..."
-- Cárlisson Galdino
Os Três
Nem sempre se defende um golpe indefensável
O escudo mais potente sem sempre resolve
No braço do guerreiro bravo em roupa bronze
Se torna o madeiroso escudo o mais perfeito
Nem sempre se resiste a um golpe indefensável
O de maior vigor nem sempre sobrevive
A força, o destemor, ao vasculhar o longe
Prefere não olhar a lança do inimigo
Nem sempre se desfere um golpe indefensável
Mas não por medo e sim por ser "normal" e estável
A força já não basta pra vencer a luta
Os três hão de vagar por essa terra inculta
E poder contemplar a humana natureza
E ver que toda força vem de uma fraqueza
-- Cárlisson Galdino
Ali é Nação
Uma tela de plasma encara um certo rosto
Lhe mostrando agora as notícias mais recentes
São coisas tão bonitas quanto inexistentes
Não se vê vícios, asma, nele nesse agosto
Um frio inesperado um certo vulto ataca
Mas que ar condicionado? É chuva de verdade!
Elevando a doença à fome e à idade
Derrubando o mendigo: sua força é fraca
Correios, jogos, coisas prendem a atenção
O ar baixa a potência: não nota, decerto
Agora ele conversa com toda a nação
O mendigo se ergue, vendo seu fim perto
Olha para a mansão, sob o som de um trovão
Pede a última ajuda com o abraço aberto
-- Cárlisson Galdino
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