novelAnime

Série de contos encadeados inspirados em Anime

Escarlate #34 - Investigação

Escarlate #34 - Investigação

- É melhor assim, só assim vocês desistem dessa loucura! - Zand deixa escapar, mas ninguém gosta do comentário.

- Nós preciśavamos dessa maldita lança! - Halkond se desespera. O que a gente faz agora?

- Calma, agoniado. - Azkelph intervém. - Tudo tem jeito. Se não conseguimos a lança, podemos utilizar outras armas. Ela não é a única arma poderosa do mundo.

- Mas é a Lança de Raphro, droga!

- Exatamente” De Raphro! Não é a Lança de Halkond, nem Lança de Rubi, nem de Azkelph ou Zand. As nossas vidas podem prosseguir sem ela.

- É frustrante isso, sabia? Será que a gente não acerta uma!?

Enquanto os dois discutem, Zand e Rubi tratam de um assunto mais útil para o momento.

- Explosivos... Só isso, Rubi?

- Até o momento, só... Mas tem que haver mais alguma pista...

- Você já olhou aquele espelho quebrado?

- Já, o que tem ele?

- Por que foi quebrado?

- Você sabe que espelhos podem esconder compartimentos secretos, não sabe? Ou armadilhas... Deve ter sido por isso que foi quebrado.

- Verdade.

- Por outro lado... Esses símbolos parecem não ter nada a ver... Parecem ser de dois grupos diferentes...

Zand se aproxima do chão, onde Rubi investiga certos símbolos estranhos. Olha para as paredes e vê outros símbolos. Todos os símbolos parecem místicos, mas eles parecem muito diferentes entre si, como se fossem de dois grupos distintos.

- Claro, Rubi! Os símbolos no chão foram escritos depois! E olhe que foram pintados no chão, diferente das paredes, que parecem ter sido esculpidas.

- Verdade... Quem será que fez isso?

- Não sei.

- Será que dá pra gente descobrir, Zandinho?

- Realmente ainda não sei. É muito difícil, não acha?

- E aí? - É Halkond que se aproxima dos dois. - Vamos embora? Essa porcaria já foi perdida mesmo!

- Espera um pouco. - Rubi responde. - Talvez ainda tenha jeito.

- Você não desiste fácil, não é? A essa altura já me conformei que perdemos a maldita lança.

Halkond e Azkelph saem da sala depois de algum tempo e deixam Rubi e Zand continuarem à procura de um milagre.

- Os símbolos mágicos foram utilizados para romper algum encantamento de proteção, para que a lança pudesse ser retirada com segurança...

- Certo, mas daí pra frente?

“Difícil demais descobrir quem foi. A lança parece ter sido removida com tanta facilidade que...”

- Ei, Zand! Você viu isso aqui?

- O quê?

- Uns símbolos diferentes daqueles...

É próximo à entrada. Mal dá pra serem notados. Símbolos escritos arranhando a parede com algum material pontudo.

- Ei! -  De repente imagens passam pela cabeça de Zand. Havia alguém que fez todo o trabalho difícil e uma pessoa a mais pelo menos. Uma pessoa no grupo que ficou entediada e começou a rabiscar a parede. E Zand conhece esse humor e esse traço. - Vamos atrás de Vextro!


Escarlate #33 - Dentro do Vulcão

Escarlate #33 - Dentro do Vulcão

Nem tão perto do topo, nem tão perto do chão. A entrada estreita leva para dentro de Explody por corredores estreitos, escuros e quentes. Uma luz tênue ilumina o lugar, vindo das mãos de Azkelph. Rubi vai à frente, seguida por Zand e com Halkond ao fim, após o mago.

- Estranho que não haja uma passagem secreta para poder entrar no vulcão, não acha? - Halkon comenta.

- Acabamos de entrar e estamos longe ainda de encontrar a Lança de Raphro. - É Azkelph quem responde.

- Ah, mas tá muito fácil. Deve ter alguma coisa errada. Devemos estar no caminho errado. Aposto como existe outra entrada lá fora.], escondida, para o lugar real.

- Pode ser, mas não tem problema.

- Se for, estamos perdendo tempo.

- Se for, nós felizmente temos tempo para perder – Rubi fala, de lá da frente -, pelo menos por enquanto. Então vamos seguindo todo mundo feliz e deixem eu me concentrar aqui. Pode ser, rapazes?

Roph-Raph, Lança de Raphro... Você sabe quando algo é realmente grandioso quando gente do mundo todo conhece, muitas vezes até por nomes diferentes.

- Continuo achando que não é por aqui. - Halkond insiste na discussão. - Se fosse por aqui o pessoal da cidade iria achar o artefato e já tinha retirado.

- Cara, deixa de ser chato! - Azkelph responde - Se não for a gente volta!


Zand coloca a mão sobre o ombro de Rubi, que lhe responde com um sorriso.

- Que foi, gatinho?

- Ainda não acredito que estamos procurando essa arma...

- Não se estressa. Isso não faz bem. Logo tudo estará acabado e a gente vai estar em outra situação, podendo comandar muita gente e transformar o mundo pra melhor.

- Sinceramente, não sei até que ponto essa idéia é boa.

Rubi simplesmente segue vasculhando armadilhas, enquanto, alheios a essa conversa, os dois lá atrás acompanham.  Halkond ainda resmunga.


São longos os minutos pelos corredores abafados. Rubi com uma roupa de couro a cobrindo quase totalmente. E Zand fica pensando no quanto uma roupa assim deve esquentar num lugar como esse. Para proteção, ela assegurara.

Finalmente todos avistam uma sala pedras espalhadas pelo chão e uma passagem.

- Puta merda... - Halkond deixa escapar.

“É, chegamos atrasados?”

Rubi pede cautela enquando investiga visualmente o que pode ter acontecido. Mas logo eles entram na sala. Uma sala diferente, revestida com mármore. As paredes têm algumas marcas de pancadas e no centro há um suporte de armas. Um suporte de armas vazio. Provavelmente ali estava a Roph-Raph até sabe-se lá quanto tempo atrás.


Escarlate #32 - Em Explody

Escarlate #32 - Em Explody

O céu alaranjado quando avistam as primeiras casas de Explody, uma cidade que se espalha aos pés de um vulcão de mesmo nome.

Halkond, Azkelph, Rubi e Zand, em seus cavalos, finalmente chegam à cidade pretendida. Zand e Rubi dividindo o mesmo cavalo, enquanto Tornado é guiado sem levar peso.

- Então é aqui mesmo... Foi aqui que o último dono da Lança de Raphro a enterrou, não é? - Halkond pergunta, da frente.

- Acho que sim. - Zand responde - Ela foi roubada por um grupo que cultua dragões. Sessenta anos depois o grupo foi extinto, mas antes disso, dizem as lendas, a lança foi trazida e escondida nesse vulcão.

- Bom! Muito bom! Então vamos dormir por aqui, pois já está anoitecendo.

O grupo passa por essas ruas, sob olhares curiosos e amedrontados dos moradores. Há muito uso de pedras e barro por, ao que facilmente já se nota.

- Boa noite, senhor. - Azkelph se aproxima de um velho que encontra caminhando pela calçada – Somos um grupo de viajantes e já está tarde.

Precisaremos dormir aqui em Explody. Poderia me dizer onde podemos encontrar uma pousada?

O homem aponta para uma entrada à direita mais à frente e continua caminhando.

- Bem, vamos lá!

Eles param diante de um prédio estranho e grande, escrito “DOZE”. Azkelph entra e logo volta com a informação.

- É aqui mesmo.

“Doze... Que nome estranho para uma pousada. Nunca ouvi falar disso. Por mais que se ande mundo afora sempre há algo de novo pra gente conhecer...”


 

Zand desperta com batidas na porta. Caminha até lá e não precisa ver para adivinhar que é Rubi. Ela o beija e entra no pequeno quarto.

- Zand, esquece aquele monstro... Ela não quer nada com você!

Ele simplesmente não responde.

- Você está tão diferente ultimamente. Está tenso...

- Já é dia?

- Acho que ainda não, mas deve faltar pouco. Estranha essa terra, não é? Uma pousada chamada Doze... Eu adoraria saber a história desse nome...

- Eu também adoraria, em outros tempos...

- Ah, Zand, vem cá...


 

Zand acorda mais uma vez. Rubi está abraçada a ele. Sua mão direita desliza suavemente sobre os cabelos castanho-avermelhados de Rubi, enquanto ele pensa em tudo o que ocorreu até aqui. Ultimamente parece não ter feito outra coisa e ainda assim, tanto pensar não lhe trouxe nenhuma resposta até o momento.

Em outros tempos iria procurar o dono da Doze pra perguntar a origem do estabelecimento, iria procurar mais informações sobre a história local, os heróis e vilões de Explody, já que nunca esteve por aqui antes, mas não consegue se concentrar nessas coisas.

Olha para o quarto com mais atenção, agora que alguns raios de luz passam pelas frestas da velha janela de madeira. Tijolos acinzentados por todo canto. A cama também é de tijolos, mas com um colchão de penas. Não é muito confortável, mas dá pra dormir.

O braço de Rubi começa a se mexer para atender os dedos, que procurando o rosto de Zand.

- Já pensou no que podemos fazer com tanto tesouro?

- Alguém já te disse que roubar é feio?

- Já, mas fazer o quê? Eu não presto mesmo! - Rubi o beija e pára, encarando seus olhos como se pudesse ler o mais fundo de sua alma através deles. - Como um dragão consegue seu dinheiro? Que eu saiba, dragões não são famosos por serem ferreiros, comerciantes ou por lapidarem jóias... Se tiramos o dinheiro deles, estamos apenas corrigindo um erro histórico: aquilo pertence às pessoas e não aos monstros.

- Você é preconceituosa, sabia?

- Eu? Imagina...

- Vem cá... - Ele a beija e se apoia sobre ela, que sorri, ainda deslizando os dedos sobre o rosto de Zand.

- Eu aposto que conheço uns truques que aquele monstro, mesmo vivendo por tantos anos, nunca imaginou...


O dia amanhece em Explody. Os raios do Sol reforçam os tons cinzentos do vulcão, que há anos dorme. Um novo dia e muito trabalho pela frente...

Escarlate #31 - Nos Braços de Rubi

Escarlate #31 - Nos Braços de Rubi

O tempo é relativo. Esta é uma das grandes verdades da realidade. Zand mal se lembra do dia em que deixou mais uma vez seu mestre Willen. Não se lembra mais de detalhes, de quantos dias passaram, por onde passou ou como finalmente tudo isso aconteceu. Não que tenha sido vítima de algum feitiço, ao menos não que ele saiba. Não se lembra mais de nada porque saíra perdido em pensamentos, porque tudo correu normal e seus sentidos eram chamados com informações sem importância e, por isso fechava-lhes as portas.

Zand só sabe que decidiu arriscar tudo e ver onde terminaria e está agora num quarto de hotel, numa cama com Rubi, que ainda dorme no início dessa manhã. E fica apreciando os traços delicados do rosto da ladina, e seus cabelos ora ruivos, ora negros.

A intenção serve pra alguma coisa? Há quem diga que o que importa é a intenção, mas será que os deuses são assim? Porque Zand foi com intenção de encontrá-la e terminou encontrando muito mais rápido do que esperava, na verdade ela o encontrou antes que ele a ela.


- Oiiii... - Rubi se espreguiça e sorri ao abrir os olhos e ver que estava sendo observada. - Que fofo... Há quanto tempo se acordou e está me olhando?

- Não muito.

- Você sumiu. Pensei que não voltaria mais. Ainda bem que estava errada. - Ela fala carinhosamente, antes de um beijo.


 

- Vocês não partiram de Cehdiw ainda, por quê?

- Podia dizer que estávamos esperando você voltar, mas não seria verdade para Halkond e Azkelph. Estamos ainda nos preparando para resgatar um artefato poderoso. Claro que você já ouviu falar da Lança de Raphro.

- Claro que sim! Foi forjada há mais de mil anos e usada por grandes guerreiros! Criada pelo lendário Rophla...

- Nunca ouvi falar... Não foi o Rophla que destruiu um monstro que veio do abismo e destruiria o mundo se não fosse por ele?

- Foi um mago poderosíssimo justamente na construção de armas. Raphro foi o guerreiro que se tornou famoso justamente por causa dessa lança. Por isso ela também é chamada por alguns de Roph-Raph, que vem de Rophla e Raphro.

- Bacana! Já ouvi esse nome mas nem imaginava a razão. Viver com um bardo é legal, a gente sempre aprende alguma coisa...

- Pode apostar que sim, mas a gente está junto há quanto tempo? Desde que vim nem faz um dia. Se contarmos desde que nos conhecemos, menos de dois meses...

- Pra mim é o bastante pra saber se gostou ou não de alguém. - Rubi rouba um beijo demorado...

De repente um frio percorre a espinha de Zand, interrompe o beijo e afasta um pouco o rosto de Rubi para poder olhá-la nos olhos.

- Pra que vocês querem essa lança? - A pergunta era meramente retórica. Rubi simplesmente o olha com ternura enquanto aguarda o fim do raciocínio de Zand. - A Raph-Roph não é famosa só por esses dois grandes nomes.

- Não dá pra esconder nada mesmo de você... - Rubi desliza os dedos pelos cabelos de Zand, mantendo o mesmo olhar que mistura admiração e ternura, diante dos olhos assustados de Zand.

- Foi com a Roph-Raph que o mercenário Aidro matou Ekstkailunx, um antigo... Dragão vermelho...


Escarlate #30 - Café da Manhã

Escarlate #30 - Café da Manhã

A cozinha é pequena, mas tem um fogão a lenha e uma mesa com três cadeiras. Dois armários e uma fruteira. No fogo, duas panelas inundam a casa com um cheiro típico de café da manhã. Numa, raízes de macaxeira sendo cozinhadas e na outra um chá preto sendo preparado. Willen sai da cozinha com um galho seco, de onde tirara as folhas para o chá. Sai diretamente para o quintal, onde avista Zand dormindo, de barriga para cima, com a cabeça e os ombros apoiados em sua montaria, que já acordou mas em respeito ao dono continua como estava, descansando.

Começa a jogar uns pedaços de galho em Zand, que logo desperta e olha para o mestre.

- Vamos! Já amanheceu! Vai cuidar da vida que daqui a pouco o desjejum  está pronto.


 

- Estava com saudades dessa comida simples.

- É, geralmente é a Tila que faz  comida, e prepara muito melhor que eu, mas de vez em quando sou eu que tenho que cuidar de tudo.

- É, é bom a gente ter que fazer as coisas sozinhos às vezes, não?

- Desconfio que sempre, no seu caso.

De repente, Willen começa a rir sozinho, enquanto coloca chá preto em sua xícara.

- Que foi?

- A Tila vai ficar decepcionada.

- Como assim?

- Quando eu disser que tivemos uma visita e que ela preferiu dormir no cavalo a dormir na cama dela. Hahaha!

Zand sorri também, fazendo sinal de negação com a cabeça.

- Mas não foi bem assim! A cama dela é confortável! É que não conseguia dormir.

- É, eu sei... Seria bem mais confortável se ela estivesse lá também, não é?

- Que tipo de pai é você, hein? Geralmente os pais protegem as filhas! - Zand responde, divertindo-se com a conversa - Você desde que cheguei que quer me empurrar sua filha. Se ela estivesse aqui é bem capaz de eu já ter dormido com ela de tanto que você ia insistir.

- Zand, sério agora. Você veio em busca de um conselho e um conselho eu te dou: esqueça esse monstro. Dragões são monstros e ela não quer nada com você.

Num flash, Zand recorda o sorriso de Knova. Um sorriso discreto, mas não tímido. Um sorriso de quem pouco sorri e talvez, por isso mesmo, tão precioso.

- Dragões não se dão bem nem entre si! Que dirá com outros de outras espécies! É a natureza, afinal, dragões foram feitos para trazerem o terror e aventureiros foram feitos para caçar dragões. Esse é o caminho normal das coisas.

Zand desiste de responder. Diria que Knova não é assim, que a conheceu o suficiente para saber que no fundo ela é uma boa pessoa, apesar do orgulho incalculável. Nem tanta ganância assim ela tinha: só queria viver em paz com seu tesouro.

- Você sabe como dragões surgiram, não sabe? - Willen pergunta. - Claro que sabe! Você é um bardo! Então sabe muito bem que dragões vêm de uma espécie de um rei que foi amaldiçoado por sua ganância há milhões de anos. São monstros, nada mais.

- Com todo respeito, mestre, mas esta é apenas uma versão. Uma de milhares de versões que contam essa história.

- E há tantas assim? Em quantas dragões são criaturas do bem?

- Em algumas. Há uma versão que os dragões evoluíram de lagartos. Em outra, dragões são criaturas do deus Drako e foram criados para dominar. Há uma ainda em que dragões são descendentes diretos de certos deuses, sendo meio deuses também.

- Tudo bem, não discuto mais. Mas ainda acho que você deveria esquecê-la. E quem sabe até matá-la.

- Agradeço o conselho, mas matá-la está fora de cogitação.

- De qualquer forma, é você quem sabe...

Os dois continuam comendo por um tempo, sem pronunciarem qualquer palavra. Até que Willen volta a falar.

- Entendo o que você sente, filho. Não por experiência própria, mas como sabe já tenho alguma idade e ela não foi em vão. Entendo sim. E digo mais, pra ser sincero, no seu lugar eu não saberia o que fazer, porque ao que parece o coração escolhe caminhos sem sentido. Mas a razão diz que esqueça ela, e fique para conhecer a Tila! Ela volta semana que vem!

Zand sorri como resposta à simpática insistência.

- E essa outra? Por que não se resolve com ela então? Você falou pouco a seu respeito. Só lhe digo uma coisa: quem consegue vencer um dragão, seja na conversa, roubando ou matando, está muito longe de ser uma pessoa qualquer. É alguém especial. E vocês dois têm isso em comum: vocês dois ficaram diante de um dragão e sobreviveram para contar a história. Isso tanto pode ser perigoso como interessante.

- Já tomei minha decisão.

- Já? E qual é?

- Vou atrás de Rubi. Vou tentar endireitar minha vida e esquecer de vez aquele dragão.

- Assim é que se fala, filho!


Conteúdo sindicado