Bardo - Contos http://bardo.castelodotempo.com/taxonomy/term/7/0 pt Lisa http://bardo.castelodotempo.com/contos/lisa <!-- google_ad_section_start --><p>Ela passa mais uma vez com a camisa do Santos. A camisa 10, provavelmente uma alusão a Pelé. Talvez nem mesmo torça para o Santos. Talvez nem mesmo goste de futebol tanto assim... A filha do Belarmino, a Lisa. De cabelos curtos e castanhos, quase loiros, com os lábios exibindo um marcante batom vermelho, Lisa caminha até a loja de celular.</p> <p>"Essa cidade é uma droga, não vale nada. Essa loja, pior ainda. Mas já que é a que tem, fazer o quê, né?"</p> <p>- Boa noite.</p> <p>- Boa noite. Queria um celular com câmera e MP3.</p> <p>"Só quero um celular que preste. Mas ou é caro demais ou não presta. Essa vida é uma droga!"</p> <p>Lisa sai da loja com cara de raiva. Sem o celular, o que talvez justifique seu humor. Se bem que, vendo com um pouco mais de atenção não é difícil perceber que ela já havia entrado assim naquela loja.</p> <p>"Esse pessoal não sabe atender direito. Se eu fosse dona dessa loja mudava esses vendedores na hora!"</p> <p>Segue preocupada com o trabalho para a universidade. Mais uma vez ficou numa equipe de escorões e terá que fazer todo o trabalho sozinha.</p> <p>"Aquele Max pensa que não tenho o que fazer na vida. Nunca vi ele fazer nada na equipe, trabalho nenhum. Sempre sobra pra mim. Um dia eles me pagam!"</p> <p>De noite a volta da Universidade e uma chuva infernal a pega no caminho. Lisa passa do outro lado da rua, perto da lanchonete, vista por dois pares de olhos.</p> <p>- Conhece ela? - Uma ruiva pergunta apontando para Lisa, ao homem do seu lado, no balcão da lanchonete onde comem pastéis com guaraná.</p> <p>- Conheço sim. É a Lisa, estuda comigo.</p> <p>- É estressada ela, não é?</p> <p>- Mais ou menos. É uma pessoa legal, apesar de às vezes ser meio chata é bem divertida.</p> <p>- Ela esteve lá na loja hoje pra comprar um celular.</p> <p>- E foi? Ela disse mesmo que precisava mudar que o dela estava muito velho.</p> <p>- Pois é, só que ela não gostou de nenhum. Ofereci todos que tinha com MP3 e câmera como ela queria, mas ela sempre achava um defeito. E ainda me culpou por não ter um que ela gostasse lá.</p> <p>- É, ela é assim mesmo... Já me acostumei. Quando cisma com uma coisa... Você acredita que ela não deixa mais eu ajudar nos trabalhos da faculdade? Teve uma vez que a gente tirou oito em um trabalho e ela diz que a culpa foi minha: queria um dez. De lá pra cá não deixa mais eu fazer nada.</p> <p>- Então aproveite, já que ela quer fazer tudo sozinha...</p> <p>- Mas é chato isso. Ontem eu só faltei implorar pra ela me dar uma parte pra fazer, porque não é justo. Sabe o que ela me disse?</p> <p>- O quê?</p> <p>- Deixe que eu faço que se você fizer não vai sair nada que preste.</p> <p>- Então deixe! Pra que se aborrecer com isso?!</p> <p>- É, né? Pelo menos tem um lado bom. Se eu tivesse fazendo esse trabalho não podia passar a noite com você...</p> <p>- Que história é essa, Max?!</p> <p>- Ué, vamos! A gente dá uma esticadinha até ali. Conheço um motel bem bacana...</p> <p>- E o que fez você pensar que eu iria?</p> <p>- Ué, não quer ir?</p> <p>- Tá, eu vou.</p> <p>-- Cárlisson Galdino</p> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/lisa#comments Contos Tue, 08 Sep 2009 01:50:44 +0000 bardo 842 at http://bardo.castelodotempo.com Heróis Nerds http://bardo.castelodotempo.com/contos/herois-nerds <!-- google_ad_section_start --><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Este é o piloto de uma história de heróis nerds ainda sem nome. Comentem! O que acham? Continuo? Que nome uso? Com vocês, a história!</p> <hr /> <p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Cidade de Stringtown. Mais uma grande cidade no moderno mundo globalizado. No interior do Brasil, estado da Bahia. Lá se encontra um pólo industrial voltado à tecnologia e, neste pólo, a Sysatom Technology.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Mais uma empresa de tecnologia, especializada na fabricação de microchips. Não fosse seu projeto ationvir, uma forma de vida que convive com circuitos e é capaz de prevenir defeitos. Infelizmente, o projeto não progrediu. Apesar de relativo sucesso na ação e interação com os circuitos da Sysatom, a ationvir não conseguia se reproduzir em ambiente algum. Até agora... </span></span></p> <hr /> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Então, véi? Alguma novidade no ationvir?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Mais tarde farei um novo teste. Estou projetando uma inversão na cadeia genética, acrescentando alguns genes novos. Esse lance de induzir mutações e esperar que uma funcione realmente não está surtindo efeito.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: kkkkkkkkk. Eu disse! Eu falei! Isso parece uma versão “bozosort” aplicada à genética!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Cala a boca, fía! Mulher não entende de tecnologia não.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Ah, vai se foder!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Chegou o casalzinho!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Oliver quer falar com você, Arsen. O projeto está demorando muito pra sair do canto.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Ó, mas vai dar tudo certo...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: É, para o nosso bem, sinceramente espero que sim. </span></span></p> <hr /> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">O dia passa rápido com tanto trabalho pela frente. E como nos outros dias, a jornada chega ao fim.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: E aí, cara... Conseguiu compilar?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Manipulação genética não é programação...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Sim, pra mim é a mesma coisa.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Tá, desisto. A adição do novo gene não foi tão simples quanto pensei. Só terminei agora. Os testes só vai dar pra fazer amanhã.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Ah, então amanhã a gente vê o resultado, né? Eu e Darrell tamos saindo pra balada. Qrem vem com a gente?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Opa! Tou dentro! Vão pra onde?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Vai ter Pastor João.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Ah, vão se lascar vocês! Pregação?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: É só uma banda que faz cover do Raul, ué!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Piorou! Preferia a pregação.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">&nbsp;</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Arsen, como vai a pesquisa?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: E aí, chefe, está indo... Falta só colocar em prática. Amanhã cedinho a gente...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Hoje. Quanto tempo leva isso?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Não leva menos que meia hora.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Tudo bem, vamos ver se dá certo. Conta uma hora extra e manda ver aí.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Tudo bem... Então vamos. Louise? Vamos lá?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Vamos esperar a Louise então, não é, bem?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Por mim tudo bem. </span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Então vou ficar por aqui também! Tou curioso com esse troço aí.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Então aproveitem. Este acontecimento pode nos colocar no topo do mundo! Que comece o show! </span></span></p> <hr /> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Manhã em Stringtown. Sede da Sysatom Technology. “Ruínas da sede” seria a expressão mais apropriada...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-bestial</strong>: Alguém vivo?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Um grande bloco de concreto rola e de baixo surge um monstro peludo com cabeça de touro.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-bestial</strong>: Que porra é essa?! O que aconteceu comigo!?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônima-com-voz-distorcida</strong>: Ai, meu Senhor do Bonfim! O que aconteceu aqui!? Tá tudo destruído!? Benzinho?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Uma mulher em cima de destroços do outro lado olha o estrago provocado pelo acidente.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-bestial2</strong>: O que aconteceu aqui?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-metálica</strong>: Parece que a experiência não saiu exatamente como eu esperava.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-bestial2</strong>: O que aconteceu conosco! Não era pra esse vírus afetar pessoas. Ationvir maldito! O que fez com a gente!?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-metálica</strong>: Acalme-se, Arsen. O que você conseguiu é algo sem precedentes.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Chefe?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Sim, sou eu. E digo que esse feito realmente vai mudar a história da Sysatom Technology.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: O que houve? Ganhamos super-poderes ou algo assim?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Diria que no mínimo algo assim.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">São duas criaturas enormes que conversam. Cada um com três metro de altura. Um ser formado por pedras e um homem de metal.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: E o que vai ser agora?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Agora o mundo é nosso!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>anônimo-com-voz-bestial</strong>: Ô que papo de nazista é esse agora?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Deixe-me ver... Valdid?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Acertou. Que história é essa de “o mundo é nosso”?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Não há alternativa. Queríamos dominação mundial do mercado com tecnologia. Agora temos ferramentas, digamos, mais eficazes para conseguir isso.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Sei não, véi, isso parece errado.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Vamos debater sobre o tema.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Uma mão segura o braço da mulher de voz distorcida, que observava espantada a cena. Logo eles estão na Praça Pimentel. O Sol ilumina as árvores e, no centro, diante do busto do antigo médico, um casal se encontra. Darrell Dylan e Pandora Vardamir. É fácil identificar, apesar de haver algo neles de diferente.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora-com-voz-metálica</strong>: Você ouviu aquilo, bem?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Claro que ouvi. Por isso te trouxe pra cá. Oliver enlouqueceu.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Como assim? E acha normal ver um sujeito de ferro e um pedregulho conversando? E a minha voz? Eu gosto da minha voz de sempre, por que ela ficou assim? Estou ficando louca...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: É uma possibilidade.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Grande namorado você é. Nem pra me consolar nesse momento difícil...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Valdid, Oliver, Arsen... Você viu a Louuise?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Que cara de pau? E ainda me pergunta por outra mulher!?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Ô Pandora, o momento não é pra drama... É sério, não a vi por lá.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: E eu com isso? Devia ser um daqueles postes ou uma poça de lama. Dá pra me ouvir agora?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Darrell</strong>: Fala.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Pandora</strong>: Ah, sei mais não o que ia dizer, ó! Que é que vou dizer pra mainha... </span></span></p> <hr /> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Mas o que eles não sabem é que Oliver reuniu todo o grupo, ou melhor, os outros funcionários da empresa. E como Darrell conseguiu levar Pandora até a praça sem serem vistos? Calma, tudo a seu tempo... Na sede, Oliver e companhia discutem os últimos acontecimentos.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Ei, soube que o Google vai lançar um Sistema Operacional ano que vem?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: E o Kiko?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Arsen, me diga o que aconteceu conosco exatamente.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Sei lá, o ationvir deve ter dado um revestrés e infectou a gente.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Mas o vírus existia em pouca quantidade. E o maior problema é que não se reproduzia. Significa que resolvemos o problema?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Ainda é muito cedo para dizer. Mas era pra ele afetar apenas circuitos. Não tem o menor sentido o ationvir afetar a gente. Menos ainda a gente ficar desse jeito.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Bem-vindo ao meu mundo. Quando eu digo que os bugs que aparecem nos meus programas às vezes não têm o menor sentido ninguém acredita...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Quietos os dois. Então temos que começar testando. Valdid, sequestre alguém para cá. Temos que estudar se o ationvir vai continuar o contágio e as formas de contágio. Já pensou? Um mundo onde todos têm superpoderes... Ia ser um tanto problemático.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Com certeza! Vou lá buscar alguém.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Mulher-com-voz-fraca-estranha</strong>: O que pretende fazer se nós formos os únicos?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Ela parece feita de gelatina, sentada numa mesa quebrada.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Simples, Louise. Esconderemos o processo que nos transformou e traçaremos uma estratégia para dominar o mundo.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: E o que se ganha com isso?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Dinheiro! Poder! Respeito! Reconhecimento!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Mas se nós formos seres únicos já teremos isso naturalmente, não?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Ah, não atrapalhe minha argumentação sobre dominação mundial! Algo que tanta gente já desejou tem que ter sua utilidade! Temos outra coisa mais importante com que nos preocupar. Questão de marketing: precisamos de nomes legais. Alguém aqui lê quadrinhos?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Vou me chamar Minotaur!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: O que está fazendo aqui! Mandei sequestrar alguém!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Tá, chefe, esquenta não que tou indo agora! Pô, posso nem participar da parte mais divertida da discussão?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Vai logo, chifrudo!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Valdid</strong>: Ei, piada com isso é golpe baixo!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Acho que Montanha está bem para mim.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: É, parece legal. Eu serei o Homem de Ferro</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Hmmm... Chefe? Já existe esse...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Já? Que pena... Bom, então... Já sei! O W! No mundo Web, o W será minha letra símbolo! Eu serei Tungstênio, o elemento químico representado pela letra W!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Chefe... Genial! Me emocionei agora.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Falta você, Louise.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Preciso mesmo de um nome?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Claro!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Podia ser “mulher fluída”! Kkkkkk</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Sem graça!</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: E então?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Hmmm... Seamonkey.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: Que é isso?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: É um bicho do mar daqueles que parecem de água. Como uma água viva ou medusa.</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Arsen</strong>: E por que não medusa?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Louise</strong>: Medusa é muito balofa...</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><strong>Oliver</strong>: Tá, tá... Se prefere ser uma macaca do mar, Seamonkey então. Agora alguém viu Darrell e Pandora? Onde aqueles dois se meteram? </span></span></p> <hr /> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Continua...?</span></span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">&nbsp;</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">-- Cárlisson Galdino<br /></span></span></p> <p>&nbsp;</p> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/herois-nerds#comments Contos piloto Fri, 24 Jul 2009 03:15:32 +0000 bardo 825 at http://bardo.castelodotempo.com Uma Noite na Taverna do Silício http://bardo.castelodotempo.com/contos/uma-noite-na-taverna-do-silicio <!-- google_ad_section_start --><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><img src="http://bardo.castelodotempo.com/files/taverna.jpg" /><br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Num vale entre montanhas inacessíveis, numa pequena vila ao redor do verde manto de árvores que recobre aquelas montanhas, muita coisa acontece. Um lugar muito pequeno na imensidão do mundo, mas com uma imensidão de coisas para contar. Um lugar importante.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">São sete horas da noite na Taverna Silício quando entra um homem de terno colorido e chapéu. Ele se senta ao balcão. Apreensivo, olha para os lados, com seu queixo pontiagudo. Tira do bolso o relógio de ouro preso à corrente no sinto e confere as horas.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">O bar está quase vazio a essa hora. Pelo menos vazio das pessoas que ele conhece com que lidava no passado. Sempre foi encrenqueiro, mas raramente perdia uma disputa. Nem que precisasse pagar o xerife pra isso, o barman e juntar amigos com sua imensa fortuna. Não era à toa que ele, mesmo em um lugar tão escondido, era um dos homens mais ricos de todo o<br /> planeta.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Me traz uma coca-cola e um whisky xyz.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Tá aqui, meu patrão.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- A vida tá uma droga, Jonas!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Vão mal os negócios? A rede de suporte para escritórios e a fábrica de janelas estão com problemas?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- De jeito algum! Vai tudo muito bem!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Então o quê?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Eles estão deixando de gostar de mim, aos poucos...</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Como assim?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Ainda lembro daquele marinheiro, lembra? Acho que se chamava Netune Skaeyph.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Lembro sim. Era antigo na casa. Mas o senhor me desculpe, mas o senhor judiou muito dele.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- É, eu sei... Mas ele estava invadindo meu território e eu tinha que tomar uma providência.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Sei como é, patrão. Até hoje ninguém sabe quem incendiou o barco dele, não é? Foi uma confusão tão grande que até o xerife foi expulso e botaram outro. E ele dizia que era você que tinha queimado, vejam só!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Intriga, Jonas. Intriga...</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- É sim. E ouvi dizer que ele está muito bem estabelecido lá na Libéria. Que agora adotou outro nome, acho que foi Fênix ou Minotauro, algo assim...</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- É, estou sabendo. Naverdade esses são miseráveis filhos dele, que hoje têm outros nomes, mas não vem ao caso. O caso é que estão todos indo embora, Jonas! Todos!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Libéria... O que tem demais essa terra?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- É, Jonas, não sei. E tem muitos clientes querendo que eu me mude pra lá.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- E o senhor vai, senhor Michel?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Não! Já mandei uns funcionários lá, mas querem que eu vá. E eu sei que se eu for vou terminar destruindo tudo o que fiz até hoje...</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Então fica por aqui mesmo! A Taverna Silício do Vale estará sempre aberta para o senhor.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="left">- É, mas todos estão indo para lá... Já foi o Sam e com seu filho, o Breno Alves, lá ele abriu uma empresa que está querendo me derrubar na assistência aos escritórios... E eu soube que até o filho dela, o Djavan, também se mudou pra Libéria.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- É, parece que a Libéria tá ficando animada, patrão!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Sem contar um pessoal que fica me atazanando de lá. Tem um povo estranho, um índio apache, um dançarino de samba...</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- E o Linus?</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Não fale esse nome, Jonas! Não fale esse nome!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Tá, desculpa, chefe!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Ele abaixa a cabeça um pouco.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Patrão? Por que o senhor não vai pra lá então? O senhor daqui e eles de lá, eles podem ganhar o mercado do senhor praquelas bandas!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">- Não dá, Jonas. O governo de lá tem regras diferentes do governo daqui. Mas eu ainda derrubo o governo deles. Presidente Gopp Lefft... Eu acabo com ele, Jonas! Ele e aquelas leis estúpidas! Acabo com ele ou não me chamo Michel Sófocles!</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">-- Cárlisson Galdino</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">P.S.: Este conto foi publicado na <a href="http://www.revista.espiritolivre.org/?page_id=59">Revista Espírito Livre #01</a>. A imagem que ilustra o post foi retirada de página da revista.<br /></p> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/uma-noite-na-taverna-do-silicio#comments Contos Tue, 12 May 2009 10:18:59 +0000 bardo 798 at http://bardo.castelodotempo.com Espanhola http://bardo.castelodotempo.com/contos/espanhola <!-- google_ad_section_start --><div id="wikitext"> <p>- Por que essa faca é diferente?! </p> <p class="vspace">- É uma faca para caçar. Vê essa curva suave que ela faz? É pra machucar mais quando a gente fere um animal... Ou alguém. </p> <p class="vspace">- Nossa! Que crueldade! </p> <p class="vspace">- O mundo lá fora é perigoso, moleque. Aqui você sempre vê animais, mas está tudo sempre sob controle. O mundo lá fora não é um circo. </p> <p class="vspace">- E essa? Outra faca de caça? </p> <p class="vspace">- De certo modo... É um modelo espanhol. Veja como é bem melhor acabada que a outra. </p> <p class="vspace">- E essa fininha? Parece um candelabro... </p> <p class="vspace">- Ah, essa não é faca. Não corta, é só pra furar. É uma adaga. Essa aqui é alemã. </p> <p class="vspace">- Em todo o mundo se fabrica arma? </p> <p class="vspace">- Lutar é algo necessário para o ser humano, assim como é para os animais. </p> <p class="vspace">- Mas isso é tão cruel, tão... </p> <p class="vspace">- Você é muito pequeno pra entender. </p> <p class="vspace">- As pessoas não podem ser tão cruéis no mundo todo... </p> <p class="vspace">- Mas são, e costumam ser ainda mais. </p> <p class="vspace">Com seu cabelo e barba loiros, aquele forte guerreiro de ar tão nobre e digno de admiração se ergue e afasta aos poucos. As manchas do circo vão ao seu encontro - e conversam, dando-lhe a atenção que parece lhe fazer tanto bem. </p> <p class="vspace">Maomé entende bem como é isso. Não importa que só tenha sete anos, seu talento sempre foi elogiado como o palhaço Remédio. E ele sabe como elogios são bons. </p> <p class="vspace">Maomé não liga pra ser chamado de moleque, nem por ter sido deixado pelo Xisto porque este queria ainda mais atenção. A única coisa que realmente importa é sua mãe. </p> <p class="vspace">- Maomé, querido. - Sua mãe o envolve nos braços num abraço quente e carinhoso. É como se estivesse protegido de todos os perigos do mundo. Beija-lhe a cabeça e continua abraçando... </p> <p class="vspace">- Mãe, por que o Cajú faz isso? </p> <p class="vspace">- Isso o quê, filho? </p> <p class="vspace">- Toda vez esquece a fala dele! </p> <p class="vspace">- Ah, filho, ele é assim mesmo! Não é tão inteligente quanto você. </p> <p class="vspace">- Mas ele já é grande! Tem quinze anos! Devia ser menos burro! </p> <p class="vspace">- Liga pra ele não, filhão. As pessoas são diferentes mesmo. Se preocupe com seu papel como vem se preocupando. Toda vez elogiam você e você sabe disso! </p> <p class="vspace">Maomé se afasta pra olhar nos olhos da mãe. </p> <p class="vspace">- Se ele nunca errasse, talvez eu não fosse mais famoso que ele, né mãe? Se ele se esforçasse tanto quanto eu. </p> <p class="vspace">- É, filhão, talvez. - Ela o abraça novamente e Maomé suspira, confortado. </p> <p class="vspace">- Mas eu queria que o número da gente ficasse perfeito... </p> <p class="vspace">Novamente Maomé se vê sentado, sozinho, ao frio da noite. Cenas assim tão freqüentes no passado nunca mais se repetiram. Já há quase um mês sua mãe o trocou por esse Xisto... </p> <p class="vspace">No início deu raiva, mas depois... Maomé admira Xisto, de certo modo. Uma parte de Maomé quer ser Xisto quando crescer. </p> <p class="vspace">Mas sua mãe não ligava mais para ele desde que o Xisto apareceu. Maomé já tentou fazer cena, chorar, espernear, mas não houve jeito. Sua mãe parecia outra pessoa e nenhum truque que ele já conhecia voltou a funcionar. A aliança... </p> <p class="vspace">A passos suaves, Maomé caminha pelo quarto de sua mãe. Na cabeça, dezenas de histórias de fadas e magia, e a certeza de que aquela aliança no dedo de sua mãe traz algum tipo de encantamento. </p> <p class="vspace">- Maomé, o que está fazendo? - Quando seus dedos tocaram o anel, sua mãe acordou furiosa. - Essa não foi a educação que te dei! Vai ficar de castigo! </p> <p class="vspace">Hoje, à luz da Lua, a idéia de que o presente de Xisto que enfeita os dedos da sua mãe faz mais do que enfeitar ainda persiste. </p> <p class="vspace">Tanta coisa Maomé já viu com a imaginação... A cena mais recente era Xisto sendo morto por suas mãos. </p> <p class="vspace">Mas Maomé não seria capaz de fazer isso, seria? Também não dá pra ver sua mãe aos pés desse homem, que nem parece gostar assim dela, simplesmente aproveita. </p> <p class="vspace">Desde a chegada de Xisto, Maomé perdeu o trono. O amor da sua mãe, parte da atenção dos seus amigos e dos amigos de sua mãe. Tudo agora gira em torno de Xisto e não é assim que as coisas devem ser. </p> <p class="vspace">Maomé se levanta decidido. Seria capaz de fazer isso? Nem Maomé sabe, mas está disposto a descobrir. </p> <p class="vspace">A faca espanhola está na sua mão. Xisto deixou sua coleção espalhada pela mesa. Passos lentos seguem entre as sombras com insegurança e inquietude disfarçadas de frieza. </p> <p class="vspace">À porta do quarto, Maomé vê aquele homem deitado sobre sua mãe. Entre dúvidas e pensamentos, seus olhos inseguros encontram os de Xisto. </p> <p class="vspace">Nos olhos de Xisto, Maomé vê raiva e um brilho estranho. O brilho da morte. E corre. Deixa o lar e corre. Deixa o acampamento. Corre e corre como em tantas cenas lá no circo. Mas dessa vez não tem graça. Corre tentando se desvencilhar dos olhos de Xisto. </p> <p class="vspace">Maomé corria sem saber pra onde. Corria sem saber até quando. Sem saber que aqueles olhos nunca mais o deixariam em paz. Como quem foge de si mesmo. E atravessou montanhas e desertos, mundos estranhos, de vivos, de mortos. Maomé e sua companheira espanhola, que de tanto o guiar terminou que adentraram a Espanha. </p> <p class="vspace">Os anos vieram e, como quem não quer nada, logo transforamaram aquele menino num homem, a despeito das dificuldades que nunca deixaram de atravessar o seu caminho. </p> <p class="vspace">- Me dá uma dose! </p> <p class="vspace">- Você está péssimo hoje, Maomé! </p> <p class="vspace">- Você também estaria se tivesse sido chutado por sua mulher como fui pela Clara. </p> <p class="vspace">- A Clara... Te falei que era problemática. </p> <p class="vspace">- Dá pra trazer o goró logo? Ou aqui deixou de ser bar e virou igreja e eu estou num confessionário? </p> <p class="vspace">- Aqui está. ...Mas você não sabe nada dela. Ela está na cidade há menos de um ano. </p> <p class="vspace">- E daí?! </p> <p class="vspace">- Ninguém sabe nem se ela tem família. </p> <p class="vspace">- Claro que tem. </p> <p class="vspace">- E quem são? </p> <p class="vspace">- Não sei. De outra terra. A mãe dela morreu quando ela nasceu, mas tem o pai. </p> <p class="vspace">- Ela é bem mais nova que você, uns dez anos suponho... </p> <p class="vspace">- Não exagere! </p> <p class="vspace">- Estou errado? </p> <p class="vspace">- Claro que está! Ela é só oito anos mais nova! </p> <p class="vspace">- Grande diferença... </p> <p class="vspace">- Claro que faz diferença! E nem importa. Nunca encontrei uma mulher assim e isso é o que vale. </p> <p class="vspace">- Além do mais, dizem que... </p> <p class="vspace">- O quê!? </p> <p class="vspace">- Melhor não, deixa... </p> <p class="vspace">- Vocë agora vai dizer! </p> <p class="vspace">- E essa faca!? Maomé, o que... </p> <p class="vspace">- Diga, Jonas... </p> <p class="vspace">- Está bem... Dizem que ela... Só está com você por causa do seu emprego no porto. </p> <p class="vspace">- É, dizem é?! </p> <p class="vspace">- É... </p> <p class="vspace">Maomé se senta triste e toma sua bebida. </p> <p class="vspace">- É, talvez seja isso mesmo... Jonas, me traga outra dose. Aliás, traz a garrafa. E se não quiser andar muito esta noite, economize passos trazendo logo mais de uma. </p> <p class="vspace">- Homem, não vale a pena tanto por uma mulher. Outras virão... </p> <p class="vspace">- Não, Jonas! Outras já vieram! Ela é única! Inteligente, a melhor que já vi na cama. Tínhamos tantos planos... </p> <p class="vspace">- Mas que diabo! Que foi que houve afinal? Já que não vai me deixar atender os outros frequeses enquanto não me contar o que aconteceu, vê se desembucha logo! </p> <p class="vspace">Maomé lhe estende um papel amassado. </p> <p class="vspace">- &quot;Mezito&quot;? </p> <p class="vspace">- É como ela me chamava. </p> <p class="vspace">- &quot;Mezito, preciso viajar para resolver assuntos urgentes de família. Talvez nunca mais te veja novamente. Foi muito bom te conhecer. Espero poder voltar em breve. Você está no meu coração. Clara.&quot; </p> <p class="vspace">- Viu? Me dá aqui. - E guarda o bilhete no bolso. </p> <p class="vspace">- Meu amigo, só tenho uma coisa a te dizer. </p> <p class="vspace">- O quê? </p> <p class="vspace">- Você é muito engraçado. Esse drama todo por conta desse bilhete? Ela está viajando. </p> <p class="vspace">- Duvido muito! Ela só estava buscando uma forma de dar a notícia que não me quer mais. </p> <p class="vspace">- Que dramático... </p> <p class="vspace">- Pensa diferente? </p> <p class="vspace">- Claro! </p> <p class="vspace">- Você é muito ingênuo para os ardis femininos. </p> <p class="vspace">- Tá, grande profeta, já pensou em visitar a Clara? </p> <p class="vspace">- E ser rejeitado em pessoa? Não, obrigado. </p> <p class="vspace">- Prefere viver na incerteza? </p> <p class="vspace">- Que incerteza? </p> <p class="vspace">- Ela gosta de você. </p> <p class="vspace">- Tá, e se ela me rejeitar? </p> <p class="vspace">- Aí você olha bem fundo nos olhos dela e diz: &quot;Não queria mesmo, minha filha. Aí fora está cheio de mulheres doidas por mim.&quot; </p> <p class="vspace">- Ei, gostei disso! &quot;Minha filha, eu não queria você&quot;... Legal, já pensou em ser escritor? </p> <p class="vspace">- Tá, tá, vai logo antes que a coragem acabe! </p> <p class="vspace">- Certo, só mais um gole. Não tomei nem meia garrafa! </p> <p class="vspace">A porta destrancada leva à vila, moradia de pessoas simples, mas com um ar um tanto paternal. </p> <p class="vspace">Maomé se aproxima da porta de Clara, quando esta se abre e de lá sai um homem corpulento, olhando para dentro e se despedindo com &quot;querida&quot;. </p> <p class="vspace">A faca salta para a mão de Maomé, que em fúria lhe dá um destino certo. </p> <p class="vspace">Tudo acontece muito rápido. Os olhos que Maomé vê dentro da sala, no espelho, por um instante trazem o mesmo olhar de fúria que um dia o fez fugir. O que mais lhe assusta é que os olhos eram seus mesmos. </p> <p class="vspace">Um grito de horror da Clara traz Maomé de volta à realidade e ele tira devagar a faca do abdomen daquele homem de rosto tão familiar. </p> <p class="vspace">&quot;Eu conheço essa faca, moleque&quot; são as últimas palavras daquele homem à porta de Clara, que entre soluços e lágrimas incontroláveis, trêmula lhe diz: &quot;Você matou meu pai&quot;.</p> <p class="vspace">-- Cárlisson Galdino </p> </div> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/espanhola#comments Contos Fri, 08 Feb 2008 20:17:20 +0000 bardo 663 at http://bardo.castelodotempo.com John Real http://bardo.castelodotempo.com/contos/john-real <!-- google_ad_section_start --><p>Era uma manhã de domingo. Não uma manhã de domingo como as manhãs de domingo da maioria das histórias. Não era uma manhã de domingo ensolarada, nem uma manhã de domingo pacata. Por outro lado, não era uma manhã de domingo estranha, como aquelas que já denunciam que algo anormal está prestes a acontecer. Era simplesmente uma manhã de domingo.</p> <p>Seu nome era John quando ele caminhava entre os rochedos próximos à sua casa, de onde podia ver o mar.</p> <p>As ondas teimavam em quebrar à muralha de pedras, liberando aquele cheiro de mar e umidade, por mais que as pedras se impusessem firmes.</p> <p>Havia alguma coisa estranha nesses rochedos pouco antes. Eram meio... vivos! Ou se tornariam vivos, talvez quem sabe até não tenha passado de um simples sonho. John se senta para ver melhor o mar.</p> <p>Não que John fosse tão magro e balançasse ao vento a ponto de não conseguir ver direito ao longe, mas porque &quot;ver melhor&quot; às vezes toma tempo, e cansa.</p> <p>Lá está a linha do horizonte, diferente do que ele lembrava. Bem, estava na forma de linha mesmo, que é a forma que John acredita que ela deveria ter, e não fazendo aquela curva como se fosse uma montanha. É, talvez o que vira antes tenha sido mesmo um sonho...</p> <p>O céu está ali com seu azul e seu punhado de nuvens espalhadas. Ainda bem, devo dizer! Na lembrança de John aparentemente não havia nuvens espalhadas. Nem mesmo um céu onde as nuvens pudessem se espalhar.</p> <p>Ao olhar ao longe, os olhos de John notam uma caravela próxima dos rochedos, com duas velas ou seria a vista turva. Volta-se diretamente para a caravela e esta some. Olha ao longe, a caravela aparece. Olha para ela, ela some.</p> <p>Agora já não dá mais pra dizer nada. Qual o conforto do horizonte e do céu se na lembrança de John havia essa caravela &quot;não encarável&quot;.</p> <p>John então se levanta frustrado com os rochedos, o céu, o horizonte e a não-encaravela. Dá as costas para o mar, cujo horizonte se curva à sua saída. E deixa esses rochedos, que suspiram aliviados como se lhes tivesse sido tirado um peso das costas.</p> <p>E John volta para sua casinha de madeira, fechando a porta para que o céu possa, sei lá, dar uma volta. E John pensa que talvez esta seja uma boa hora para mais um chá...</p> <p>-- Cárlisson Galdino</p> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/john-real#comments Contos Sun, 30 Dec 2007 14:22:02 +0000 bardo 652 at http://bardo.castelodotempo.com A História de Cristina Braga http://bardo.castelodotempo.com/contos/a-historia-de-cristina-braga <!-- google_ad_section_start --><p><img src="/system/files/cristina.png" alt="Cristina Braga" width="200" height="150" /> </p> <p>Era seu aniversário de 15 anos e, ao sair do shopping, ganhara de um velho estranho uma estranha pedra presa em um cordão, pouco antes de o sujeito desaparecer... </p> <p>Uma pedra... Seu sonho era uma moto. Uma moto como as de seus amigos, com quem gostava de sair de vez em quando.</p> <p>A ida ao shopping havia sido uma fuga. Nunca imaginou que ganharia... uma pedra. O dia ia ser longo no salão de beleza. Ela odiava isso tudo. Aquela velha sensação de que estava perdendo a juventude e que devia sair pelo mundo conhecendo lugares e pessoas ficava ainda mais forte no salão de beleza. </p> <p>Era uma pedra, com formato de pedra, a sua pedra. Não era polida. Mas um lugar nela tinha a forma de amarrar um cordão preto. </p> <p>Independente de shopping ou pedra, Cris não conseguira escapar do salão de beleza... A reserva havia sido feita logo cedo por sua mãe. Ao fim, todos diriam ter valido a pena a demora. Todos menos ela. </p> <p>Enfim, chega em casa acompanhada de sua mãe Susana.</p> <p>- Mão!? Que que é isso?!</p> <p>- Sua roupa para hoje</p> <p>- Eu vou usar isso?!</p> <p>- É... espero.</p> <p>- Quem teve essa brilhante idéia?</p> <p>- Pensei que quisesse algo diferente... Optei por um modelo mais... selvagem! Não combina com você?</p> <p>- É no que dá eu deixar você escolher minhas roupas... Tudo bem, fazer o quê? Eu visto isso... Mas daqui pra frente quem vai escolher minhas roupas sou eu.</p> <p>- Que bom que está amadurecendo! Sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Ei! O que é isso?</p> <p>- O quê... Ah, é uma pedra.</p> <p>- Eu sei que é uma pdra, mas... Comprou hoje? Onde?</p> <p>- Não foi assim uma...</p> <p>- Filha! Olha a hora! ... Põe essa pedra, vai ficar linda.</p> <p>- Só faltava essa... Além da roupa ridícula querer que eu saia com uma pedra no pescoço...</p> <p>- Vai combinar direitinho. Prove! Se não gostar, não use. ...vou me trocar. Com outras roupas essa pedra é ridícula mesmo, mas pra essa vai ser o colar perfeito... Vai parecer a Betty dos Flinstones. Até daqui a pouco, filhinha.</p> <p><em>&quot;Uma pedra... Aposto como os convidados vão rir da minha cara... Mas espera. A mãe tava certa. Cai muito bem com essa roupa. Vou provar... Excelente! Ficou meio... Bizarro. Pareço uma...&quot;</em></p> <p>- Aaahhhh!</p> <p>Ela ia dizer bruxa, mas seu rosto mudou e Cristina se viu diante de uma das jovens bruxas que vira em um filme qualquer. Era ela própria...</p> <p>- Algo errado, filha?</p> <p>- Não! É... Vou já!</p> <p>- Ficou linda! O que disse da pedra? Foi o complemento ideal. Vamos?</p> <p>- Já, já...</p> <p>Termina de se preparar e desce. Recebe convidados e a festa transcorre. A surpresa é o presente: sua tão sonhada motocicleta.</p> <p><em>&quot;Será que estou no lugar certo? Parece loucura, mas o que aconteceu comigo no quarto... Será que essa pedra é mágica? Aquele homem me entregou uma pedra mágica! Então existe mesmo esse tipo de coisa... Ele certamente sabe quem sou! Eu não sou... normal! Eu sou alguém especial, uma &quot;escolhida&quot;! Que história mais maluca! Parece até roteiro de filme ou gibi! Será que é verdade? Se eu recebesse ao menos um sinal...&quot;</em></p> <p>Imediatamente cai a rede elétrica da casa. <em>&quot;Era só disso que eu precisava.&quot;</em></p> <p>Cris entra em casa, vai ao quarto e junta algum material. Uns metros de corda, umas mudas de roupas, binóculos, um saco de dormir, um estojo de primeiros socorros... Tudo em uma mochila enorme, que usava quando ia praticar escalada com o pai. Joga também na mochila - mais conveniente seria o termo comprimiu - alguns utensílios de higiene pessoal, sete pilhas... A lanterna - que usa duas - continua em sua mão. Acrescenta também sua bolsa, que continha, além de artefatos de beleza, quatrocentos e cinqüenta reais. </p> <p>Após fechar, coloca a mochila nas costas, pega um cantil e desce as escadas rumo à cozinha. Enche o cantil com água mineral e sai de casa - com a lanterna desligada e já guardada na mochila.</p> <p>Deslizando por entre os convidados, alcança sua moto. Já de capacete sobe e liga a chave. Sai. Sai a quase atropelar os presentes. E foge de casa em busca de sua própria vida de aventuras. Foge porque escolheu esse caminho. Uma escolha que talvez não tenha sido só sua...</p> <p>-- Cárlisson Galdino </p> <!-- google_ad_section_end --><table id="attachments" class="sticky-enabled"> <thead><tr><th>Anexo</th><th>Tamanho</th> </tr></thead> <tbody> <tr class="odd"><td><a href="http://bardo.castelodotempo.com/files/cristina.jpg">cristina.jpg</a></td><td>28.5 KB</td> </tr> </tbody> </table> http://bardo.castelodotempo.com/contos/a-historia-de-cristina-braga#comments Contos ases wallpaper Tue, 18 Sep 2007 02:13:52 +0000 bardo 626 at http://bardo.castelodotempo.com A Longa Caverna http://bardo.castelodotempo.com/contos/a-longa-caverna <!-- google_ad_section_start --><p>- Nossa, estou sem ar!</p> <p>- Agüenta um pouco mais! Só mais um pouco e chegaremos!</p> <p>Den e Joe caminham por cavernas tortuosas e escuras. Sinistras cavernas repletas de frio e de falta de ar.</p> <p>- Não vou agüentar...</p> <p>- Vamos. Você consegue. Falta pouco.</p> <p>- Ainda nem sei porque estamos aqui.</p> <p>- Ora, você não queria conhecer a verdade tanto quanto eu?</p> <p>- É, mas a gente não precisava ter entrado nessa caverna e caminhado tanto...</p> <p>- Precisava. Você mesmo ouviu o zé xamã de capuz.</p> <p>- Que idéia estúpida...</p> <p>- Não reclame. Se a gente morrer aqui, já teremos visto muitas coisas nessa longa semana.</p> <p>- Claro, muito bom! Um lago dentro da caverna com água salgada.</p> <p>- Não estava tão salgada assim.</p> <p>- Como não? E o que mais... Morcegos, cogumelos...</p> <p>- Você não viu mesmo aquilo?</p> <p>- Não existe esse doende, anão, alienígena ou sei lá o que você diz que viu. Está bem, vamos indo.</p> <p>- É uma pena que não tenha visto...</p> <p>- A gente devia ter voltado naquele ponto, não ter forçado o corpo pra se espremer entre pedras. Não sei onde estava com a cabeça pra topar uma loucura dessas.</p> <p>As lanternas já se apagaram há dias e tudo o que restou foi o frio e a escuridão. De vez em quando eles ligam a calculadora que trouxeram por acidente. O led vermelho é uma piada, mas longe de acharem graça, seus olhos já acostumados com o escuro utilizam seu brilho sutil para identificar formas alguns centímetros à frente.</p> <p>- Sabe o que faz falta aqui?</p> <p>- O quê, Joe?</p> <p>- Televisão.</p> <p>- Você é mesmo engraçado...</p> <p>- Por quê?</p> <p>- Numa aventura dessas, passando por tanta coisa emocionante e se lembrar justo da televisão...</p> <p>- Como aventura? A gente tá é numa fria, isso sim! Um maldito programa de índio!</p> <p>- Sei...</p> <p>- Quero ver se a gente não achar mais comida...</p> <p>- Ainda tenho Lembas aqui.</p> <p>- Lembas... Você tem mesmo senso de humor...</p> <p>- Péra lá... Olha ali. Não está vendo uma luz?</p> <p>- É... Será que morremos?</p> <p>- Você está louco?</p> <p>- Não, estava brincando.</p> <p>- Ah, tá. Onde será que vamos sair?</p> <p>- E eu é que sei!? Por mim, saindo desse buraco já está bom demais!</p> <p>- Está vendo só? Você sem conseguir respirar... É só a gente se distrair um pouco que nem percebe.</p> <p>- Obri... ga... do por... lembrar...</p> <p>É grande a ansiedade em cada passo, se bem que não sei se podemos chamar de passo essa forma de deslocamento deles pela caverna. Machucados, eles vão rumo à luz que cada vez se torna mais forte, até que chegam a um espaço maior na caverna, onde podem ficar de pé e onde a luz chega.</p> <p>- Nós...</p> <p>Não dá mais pra falar. A coisa pra ar aqui está realmente feia. Mas eles iam dizer que já é de noite e dá pra ver o céu escuro com algumas estrelas brilhando tão forte... Claro que acham o brilho forte, depois de uma semana no escuro, né?</p> <p>A saída é lá pra cima, lá vão eles ter que escalar. Ou melhor, lá vai Den escalar, já que o Joe nem tem mais fôlego pra nada. Vai e leva uma corda.</p> <p>Com muito sacrifício sobe, degrau após degrau. Se bem que o conceito de degrau que as pedras têm é um tanto, digamos, problemático...</p> <p>Enfim, Den chega à abertura. É pequena demais e falta ar lá fora. Estranho como Den chega a ficar tonto com o esforço, mas é agora ou nunca: ele tem que sair.</p> <p>E sai. Não dá pra ver nada a não ser uma dança de branco e preto, talvez fruto da tontura com o costume da visão ao escuro. Den se senta perto da abertura e gesticula pela fenda na esperança de que Joe entenda que precisa esperar um pouco.</p> <p>Recomposta um mínimo, a vista de Den começa a mostrar as manchas. Uma círculo enorme ali na frente lhe traz a idéia de disco voador e lhe faz lembrar o ser esquisito que viu nessas cavernas. E viu mais de uma vez, só Joe não viu nada. Seria alienígena? Esse círculo borrado que começa a se formar na sua retina deve ser o disco voador da criatura.</p> <p>Como queria poder gritar para o Joe que tem um disco voador aqui em cima... Mas falta fôlego, falta ar.</p> <p>Den se encosta em qualquer coisa de pedra ou areia e fica fitando o disco ao longe. A imagem vai se tornando mais nítida aos poucos... O disco é azul e branco, meio mesclado... Ele decide esperar um pouco antes de tentar puxar Joe para cima. Claro que não teria força para tanto e de nada adianta tentar recuperar fôlego agora, mas ele lá sabia disso?</p> <p>A visão vai ficando mais clara e Den se desencosta de onde estava - saltaria e gritaria se tivesse fôlego para isso. Mas falta ar. Talvez ele nem gritasse, talvez faltassem palavras. O maldito círculo é a Terra...</p> <p>-- Cárlisson Galdino </p> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/a-longa-caverna#comments Contos Wed, 18 Jul 2007 22:05:31 +0000 bardo 612 at http://bardo.castelodotempo.com Sem Óleo http://bardo.castelodotempo.com/contos/sem-oleo <!-- google_ad_section_start --><p><img src="/system/files/robo.png" alt="Robô" width="200" height="150" /> </p> <p>Cada movimento traz o mesmo som. Seu braço se estende e recolhe com notada impaciência, junto ao ranger das juntas. Juntas metálicas, ou supostamente metálicas.</p> <p>O mar e seu colorido tênue não surtem efeito sobre seus olhos sem cor. Seu olhar foca apenas o braço. Rochedo, areia, vento, Sol, crianças, pessoas, seu braço.</p> <p>O som do seu metal se sobrepõe ao barulho das ondas, aos gritos e falarias.</p> <p>Estende o braço com cuidado e ouve o mesmo ruído metálico, ouvido já tantas vezes, há tanto tempo que seus registradores de memória estouraram a capacidade de armazenar, e ele simplesmente deixou que prosseguisse assim mesmo.</p> <p>Há algo errado. Ainda não notou ao certo. Há algo errado com seu braço.</p> <p>Recolhe o braço, vagarosa e atentamente. Seus dedos rusticos com junções à mostra se aproximam do rosto. Rústicos, mas traçados, não foram feitos de qualquer jeito. Abre e fecha a mão. Não há problema com ela, é só o braço.</p> <p>Estende o braço até que toque mais uma vez sua coxa. Não sem produzir o mesmo ruído. Seu rosto não traz qualquer expressão. Por não ser capaz, mas também por causa do braço.</p> <p>Recolhe o braço e o ruído se mostra outra vez, enquanto o braço se aproxima do seu estranho rosto sem nariz e sem boca, mas com olhos. Olhos como lentes de máquinas fotográficas, equidistantes em sua cabeça em formato de barril.</p> <p>Estende o braço lentamente e ouve o mesmo ruído. Nem assusta mais a gaivota já pousada em seu ombro oposto. Por vezes é um pombo que fica inutilmente bicando sua cabeça blindada.</p> <p>- Ei, benzinho, o que é isso?</p> <p>- Ah, é um robô!</p> <p>- Eu sei que e é um robô, mas ele parece tão estranho...</p> <p>- É, a gente chama de Tenhen! Ele fica assim o tempo todo.</p> <p>- O que houve com ele? Fica só assim?</p> <p>- Sei lá! É uma comédia, né?</p> <p>- Dá dó dele, tadinho...</p> <p>- Meu pai.</p> <p>- Que tem seu pai?</p> <p>- Lembrei agora. Quando eu era pequeno minha mãe me disse. Meu pai era pequeno e tava passando por aqui quando viu um robô e achou estranho o barulho que fazia. Daí perguntou se não tinha alguma coisa errada com ele.</p> <p>- Nossa, coitado! E até hoje ninguém fez nada pra ajudar?</p> <p>- Não, imagina! Ele é só um robô velho!</p> <p>- Ah, não fala assim dele... Dá pena ver o coitado assim, tão sujo... Deve estar precisando de ajuda...</p> <p>- Ah, deixa disso, vamos comer uma pizza?</p> <p>- Vamos! Só se for de calabresa!</p> <p>FIM</p> <p>-- Cárlisson Galdino </p> <!-- google_ad_section_end --><table id="attachments" class="sticky-enabled"> <thead><tr><th>Anexo</th><th>Tamanho</th> </tr></thead> <tbody> <tr class="odd"><td><a href="http://bardo.castelodotempo.com/files/robo.jpg">robo.jpg</a></td><td>29.2 KB</td> </tr> </tbody> </table> http://bardo.castelodotempo.com/contos/sem-oleo#comments Contos wallpaper Fri, 06 Jul 2007 00:05:06 +0000 bardo 607 at http://bardo.castelodotempo.com Urânio http://bardo.castelodotempo.com/contos/uranio <!-- google_ad_section_start --><p><img src="/system/files/uranio.png" /> </p> <p>No silêncio da noite, pode-se ouvir passos apressados. As luzes do prédio se apagam. Tiros. E o que parecia ser uma noite de descanço, de calma, torna-se uma noite de baixas.</p> <p>----</p> <p>- O que houve?</p> <p>Dia seguinte. Manhã. O proprietário, que tem o péssimo hábito de dormir com o telefone desligado, chega ao local. Seus soldados estão muito sujos, de sangue. E não há só quatro na portaria, mas dez deles.</p> <p>- Senhor, houve uma invasão ontem à noite. Vinte homens entraram armados com pistolas e fuzis laser. Foi um desastre, eles cortaram nossa luz e...</p> <p>- Eles levaram?</p> <p>- Sim, levaram.</p> <p>- Quantos dos nossos estão feridos?</p> <p>- Poucos. Vinte estão vivos e sem lesões graves. Os outros já morreram.</p> <p>- Vocês sabem o que a incompetência de vocês gerou?</p> <p>- Sim, sei do perigo que todos corremos agora. Sei o que eles levaram.</p> <p>- E o que vocês farão para compensar essa falha?</p> <p>- Eu... ainda não sei.</p> <p>- Já ouviram falar de &quot;Urânio&quot;?</p> <p>- Como?</p> <p>- Espalhem-se pela cidade imediatamente e o procurem. Nós só voltaremos a funcionar quando recuperarmos o que foi roubado. Se não o encontrarem nesta cidade, vão para as cidades visinhas. Nem que seja necessário revirar todo o Coração Russo, ele deve ser encontrado.</p> <p>Os vinte soldados sobreviventes partem em busca de informações. Principais paradas: bares. Depois de passarem por todos os bares e pontos importantes da cidade, finalmente chega o meio-dia e os soldados se vêem obrigados a voltar sem resultados.</p> <p>- Chefe, não encontramos nem sinal desse tal Urânio.</p> <p>- Venham.</p> <p>Todos vão para uma sala especial do prédio.</p> <p>- Este é Urânio.</p> <p>Os soldados olham pasmos o homem vestido em roupas em tons de preto e violeta. Camisa de mangas compridas, assim como as golas e, mesclado ao preto, algumas tênues linhas violetas. Seus calçados são pretos. Para completar o trage, Urânio tinha um chapéu preto. Do tipo que entrou em extinção há meio século. &quot;Sem armas?&quot; Foi o que certamente passou pela cabeça de todos.</p> <p>O homem sentado em uma cadeira, alvo do espanto de todos, respondeu com uma saudação em forma de sorriso.</p> <p>Até aqui eu era apenas mais um soldado da indústria. A partir desse momento, tornei-me mais que um soldado. Tornei-me &quot;O Contador de Histórias&quot;, passando a ser conhecido como &quot;Senhor T&quot;.</p> <p>Voltando aos fatos, que é o que realmente importa, ele se levantou e...</p> <p>- Sim, eu sou Urânio. Agora que me conhecem, posso começar meu trabalho. - Ele então abriu caminho entre nós e foi direto para fora do prédio. Eu, com alguns outros, o segui.</p> <p>Ele saiu pelo caminho que provavelmente foi usado pelos assaltantes. Precisava de um voluntário e vários se ofereceram, mas eu subi na moto sem ao menos esperar que ele escolhesse quem o acompanharia. Ele estava com pressa e partimos no mesmo instante.</p> <p>As ruas estavam meio paradas e por um momento pensei que estivesse no século passado. Sabe? Aquelas coisas de pistoleiro... Só que a única pistola que havia era a minha. Isso foi no outono de 2014, quando começavam a aparecer as pistolas laser. Passando em frente a uma vitrine eu presto atenção no reflexo da moto nela. A moto era nova, com formas curvas e agressivas. Mas o interessante não era isso: adivinha só qual era a cor dela...</p> <p>- Corajoso e ousado. Gosto disso. - O tal Urânio começava a puxar conversa. - Continue assim e ainda vencerá muito, amigo.</p> <p>- Ah, quero dizer, obrigado!</p> <p>Repentinamente ele pára a moto e eu pergunto:</p> <p>- Encontramos os bandidos?</p> <p>- Não. Olhe a moto.</p> <p>- Mas que droga!</p> <p>Aonde ele tinha ido? &quot;Não passa ninguém por aqui...&quot; Olhando melhor, percebi, naquele instante, que não conhecia o lugar. Jamais havia estado ali. Depois de muito me indagar sobre o destino que ele havia tomado, eis que ele reaparece vindo de uma rua perto, trazendo duas latas de cerveja.</p> <p>- Toma.</p> <p>- Quê?! Não acredito que você desceu só pra comprar uma porcaria de cerveja!</p> <p>- Pode acreditar.</p> <p>- Seu irresponsável!</p> <p>- Fica frio, eles não vão fugir.</p> <p>- Como não?</p> <p>- A primeira lição você já sabia: não esperar quando não houver o que se esperar. A segunda, pelo jeito, você não conhece.</p> <p>- E qual é a segunda?</p> <p>- A segunda, amigo, é: fique frio que eu sei o que estou fazendo, vamos.</p> <p>- Ele tinha acabado de beber, enquanto eu sequer tinha aberto a minha lata. Joguei fora, não é? O que mais podia fazer?</p> <p>O cara - o tal Urânio - era mesmo um sujeito estranho. Como alguém aceita a missão de caçar um grupo de caras que pode estar em qualquer lugar dessa megalópole? E sozinho! Eu estava lá, mas pelo que pude entender, ele só queria companhia. Para efeitos, gerais, para ele era como se estivesse sozinho. Primeiro, como alguém aceita uma missão dessas? Segundo: como alguém que acabou de aceitar uma missão dessas pára pra coprar ceveja? Havia algo muito estranho nessa história toda...</p> <p>- O chefe pagou adiantado?</p> <p>- Você sabe o que estamos procurando?</p> <p>- Precisamente.</p> <p>- Eu deveria pagar a ele pelo direito de buscar isso, mas como não é um procedimento muito usual...</p> <p>- E então? Ele pagou adiantado ou não?</p> <p>- Eu sou um profissional!</p> <p>- Ah, é? Que tipo de profissional é você?</p> <p>- Sou do tipo que sabe o que está fazendo, o melhor no que faço.</p> <p>- Eu sei muito bem que tipo de profissional você é.</p> <p>- E que tipo eu sou?</p> <p>- Do que passa a perna no contratante.</p> <p>- Você não sabe de nada das ruas: é só um guarda de meia tijela!</p> <p>- Ah, é? Ora, seu...</p> <p>- Desça da moto. - ele pára.</p> <p>- O que disse?</p> <p>- Eu disse pra sair da moto.</p> <p>Naquele instante eu gelei. Ele pedia pra eu descer! &quot;É isso enão. Ele quer que eu desça porque sou a única coisa que o impede de fugir com o dinheiro. Com que cara vou falar pro chefe: &#39;Olha, a gente discutiu por causa de umas cervejas, mas eu contiuo achando que ele não devia ter comprado.&#39; É... Aconteça o que acontecer não posso deixá-lo sozinho.&quot;</p> <p>- De jeito nenhum! Eu não saio daqui até a gente recuperar o produto.</p> <p>- Pois bem... Vou deixar você me acompanhar, mas a discussão acabou. Abra o bico de novo e vai se arrepender, entendido?</p> <p>- Claro, pode deixar.</p> <p>Partimos de novo. Tudo bem, é chato mas às vezes é melhor sair em desvantagem, se for preciso para garantir um acordo diplomático e essa é uma das regras que mais venero nos dias de hoje. A única coisa que eu podia fazer naquele momento era só ficar ligado se não quisesse estragar tudo. Quando você desconfia de alguém, você não convive com ele só vai junto.</p> <p>Partimos por várias ruas e a viagem demorou longos minutos. Por várias vezes tive a impressão de que passávamos por um lugar mais de uma vez, mas resolvi ficar calado e ainda mais atento ao que acontecia. Logo chegamos a um prédio que parecia coisa de elite. Urânio simplesmente parou a moto na calçada e desceu sem nem olhar pra mim. Saí atrás dele, afinal, o importante naquele momento era não perdê-lo de vista.</p> <p>Seguimos em direção à entrada principal do prédio e o cara parou e virou pra mim.</p> <p>- Você não pode vir.</p> <p>- Como é que é? Qualé! Acha que eu vou ficar aqui esperando? De jeito nenhum.</p> <p>- Você não pode vir. Não está exatamente apresentável.</p> <p>- Mas que droga! - Sim, ele tinha razão. Naquele confronto na hora do ataque eu mes sujei pra caramba. Mas eu não podia deixá-lo entrar sozinho de maneira alguma. - Não importa. Eu vou assim mesmo.</p> <p>- Não respondo por você.</p> <p>- Tudo bem!</p> <p>Entramos. Havia uma sala muito espaçosa e algumas pessoas indo e vindo. Todas muito bem-arrumadas em seus ternos e vestidos. Olhavam-me com estranheza, o que não me surpreendia. Quando nos aproximamos do elevador, um segurança-parede bloqueou nossa passagem. ficou nos olhando com aquela cara feia até que o Urânio encheu a mão dele e ele saiu da frente.</p> <p>O nosso grupo lá não tinha segurança desse tipo porque quem montou a equipe procurou gente de cabeça, não só de força bruta. Há gosto pra tudo!</p> <p>&quot;Terceiro andar. As portas se abrem e já dá pra ver o... Restaurante! Parece que é aqui mesmo, já que o Urânio desceu.&quot; Fui lá. Pessoas se levantavam em todos os cantos e eu já via a hora de alguém puxar a arma ou aparecerem uns punhados de paredes atirando. A coisa parecia feia. Urânio foi até o balcão e se sentou, chamando o garçon. Foi quando pensei: &quot;agora! Vamos ter um interrogatório à moda antiga!&quot;. Engano meu. Ele havia parado para pedir um chop!</p> <p>- Escuta aqui, seu alcóolatra! A gente tem uma missão pra cumprir: vai parar de novo pra beber?!</p> <p>- Estou fazendo o meu trabalho.</p> <p>- Que merda de trabalho é esse!?</p> <p>- Você é muito jovem e tem muito o que aprender... Eu não chegaria onde os outros não chegam se agisse da mesma forma que eles.</p> <p>- Está bem, não é hora de filosofar! Quer ir embora resolver o caso?!</p> <p>- Claro! Mas só depois de um gole, certo?</p> <p>Ah, mas minha paciência com ele já estava no final.</p> <p>- Traz um pra mim também.</p> <p>...mas o que é que eu podia fazer? Eu tava começando a achar que tudo o que ele queria era me tirar do sério, sendo assim achei melhor entrar no jogo dele.</p> <p>Como já passava das treze horas, até que não foi má idéia almoçar ali mesmo. Isso até a hora de receber a conta...</p> <p>Pouco depois ele pagou a conta, digo, a dele, e foi embora. Saíamos do prédio sob um início de frio. Tudo levava a crer que íamos ter chuva e frio no final da tarde.</p> <p>A moto percorreu várias ruas da mesma forma que antes - aparentemente ao léu. Então Urânio parou e foi até uma loja de armas. Entrou, ficou olhando algumas e saiu sem nenhuma. De lá, fomos para o aeroporto mais próximo pelo caminho mais longo...</p> <p>- O que é que está havendo?</p> <p>- O quê?</p> <p>- Até agora não vi você fazer seu serviço.</p> <p>- Mas estou fazendo. Vamos descer.</p> <p>Entramos no aeroporto no instante em que começou a chover. Urânio parecia, apesar de tudo, determinado. Fomos até a área de espera e ele ficou na janela vendo os aviões sob a chuva. Que mistério ele escondia nas mangas eu não podia imaginar, mas ele tinha algo sim. E no momento eu só via uma razão para tanta reviravolta.</p> <p>- O que você quer, afinal? Que tal abrir o jogo?</p> <p>Ele não respondia.</p> <p>- Está querendo se livrar de mim pra ir atrás do produto, é isso?</p> <p>- Não.</p> <p>Ele parecia triste, ou pensativo. Na verdade é difícil saber o que passa na cabeça dessas pessoas mais esquisitas.</p> <p>- Vamos descer.</p> <p>- O quê?!</p> <p>- Venha.</p> <p>Ele passou por mim e se dirigiu à porta. Eu o segurei pelo ombro e ele se afastou da passagem.</p> <p>- Ainda não resolvemos.</p> <p>- Resolvemos sim.</p> <p>Urânio num giro rápido acertava um gancho em um homem que nem havia entrado totalmente em nossa sala. O atingido cai no chão e o cachecol se solta. A mala pára no ar segura pela mão de Urânio. O seu antigo portador ainda tenta se levantar, mas leva um chute de Urânio. Finalmente reconheci o indivíduo como um dos bandidos!</p> <p>- Pegue. Jogue pela janela.</p> <p>- Como é que é!?</p> <p>- Vá! Agora!</p> <p>- Mas é o produto!</p> <p>- Não, é uma bomba.</p> <p>Corri e arremessei pela janela, mas nada parece ter acontecido. Pessoas corriam desesperadas.</p> <p>- Tem certeza de que era uma bomba?</p> <p>- Vamos.</p> <p>- Aonde?</p> <p>- Cumprir a missão.</p> <p>Sob a forte chuva corremos para o tal restaurante. Por quê? Vai entender... Chegamos lá e descemos, subimos - dessa vez pelas escadas - e chegamos lá. O cara do balcão. Urânio se aproxima dele rápido e põe a mão no bolso pra sacar um... Envelope!</p> <p>Sim, ele fala baixo com o homem do balcão e lhe entrega o envelope. Logo recebe uma mala idêntica àquela que havia no aeroporto.</p> <p>- Cumprimos.</p> <p>Partimos pra base antes do anoitecer com o produto de volta. Todos ficaram maravilhados com o trabalho bem-feito. E eu já não entendia nada. Como tudo aconteceu?! Seria Urânio alguém da gangue que roubou o projeto ou o quê?</p> <p>- Você ainda é jovem, rapaz, tem muito o que aprender. Nem tudo se explica tão fácil e nem tudo é o que parece.</p> <p>É, o projeto estava lá e Urânio era mesmo um cara que pega as coisas no ar, mas acontece que... A maleta do aeroporto nunca explodiu. Será que o projeto estava mesmo a salvo? Não sei, acho que nunca vou saber que merda tinha naquela mala. Seria uma bomba mesmo ou uma cópia do projeto? Só sei que pedi minha demissão e fui procurar a tal mala. Lá só encontrei Urânio (e seria mais correto dizer que ele me encontrou).</p> <p>- O que faz aqui? - Ele perguntou.</p> <p>- O mundo é pequeno, não?</p> <p>- A missão acabou e a minha vida não é da sua conta. Por que não volta pra sua vida?</p> <p>- Minha vida agora é outra. Pedi demissão.</p> <p>- Por causa da mala?</p> <p>- Pode-se dizer que sim. Onde está?</p> <p>- Em um local seguro.</p> <p>- E o que tinha nela?</p> <p>- Algo não muito seguro.</p> <p>- Dá pra ser mais claro?</p> <p>- Não. Vou nessa. Boa sorte na nova vida.</p> <p>- Obrigado, mas essa história da mala não me convenceu. Ainda vou descobrir o que houve.</p> <p>- Quando descobrir me conta.</p> <p>- Tá certo. A gente se vê por aí. O mundo é pequeno.</p> <p>- Não, meu camarada. O mundo não é pequeno. Nós é que somos grandes.</p> <p>-- Cárlisson Galdino</p> <!-- google_ad_section_end --><table id="attachments" class="sticky-enabled"> <thead><tr><th>Anexo</th><th>Tamanho</th> </tr></thead> <tbody> <tr class="odd"><td><a href="http://bardo.castelodotempo.com/files/uranio.jpg">uranio.jpg</a></td><td>73.23 KB</td> </tr> </tbody> </table> http://bardo.castelodotempo.com/contos/uranio#comments Contos 2016 wallpaper Mon, 05 Feb 2007 21:46:00 +0000 bardo 529 at http://bardo.castelodotempo.com Eu Desejo Mais Desejos http://bardo.castelodotempo.com/contos/eu-desejo-mais-desejos <!-- google_ad_section_start --><p>- Eu desejo mais mil desejos!</p> <p>- Pois não, meu amo. Posso ir agora?</p> <p>- Como assim? E o que são esses papéis?! Deixa ver... &quot;Eu desejo que um grande gênio da música se torne público&quot;. Parece interessante! Eu desejo isso então! E ser o empresário dele!</p> <p>- Certamente que deseja, meu amo.</p> <p>- Como assim?! O que está havendo?</p> <p>- Meu amo desejou ter mais desejos. Aí está uma lista com mil desejos que você ainda não tinha pensado.</p> <p>- O quê?! Acabou?!</p> <p>- Acabou.</p> <p>- E agora?! O que faço pra alimentar essas mulheres todas nessa ilha deserta?!</p> <p>- Não sei, meu amo.</p> <p>- E como eu administro um castelo, droga!</p> <p>- Este deveria ter sido seu primeiro desejo...</p> <p>- Eu vou morrer!</p> <p>- Certamente, meu amo. Mas se serve de consolo, metade dos meus amos anteriores morreu assim.</p> <p>- ...E a outra metade?</p> <p>- A outra metade fez do último desejo o Desejo Sagrado. Porque certas coisas têm que terminar como começaram, mas sempre fica a Sabedoria.</p> <p>-- Cárlisson Galdino</p> <!-- google_ad_section_end --> http://bardo.castelodotempo.com/contos/eu-desejo-mais-desejos#comments Contos Thu, 31 Aug 2006 22:10:56 +0000 bardo 461 at http://bardo.castelodotempo.com